Governos de todo o mundo estão enfrentando uma crise crescente de confiança causada por esquemas de fraude cada vez mais sofisticados, muitos deles viabilizados por ferramentas de inteligência artificial (IA). Essa é a principal conclusão do novo relatório Confiança e Transparência: combate à fraude para maximizar a eficiência de programas públicos, conduzido pela consultoria Coleman Parkes em parceria com o SAS.
Veja também: Executivas do Bradesco falam sobre como acelerar a inovação com IA e a importância da infraestrutura na estratégia digital
A pesquisa ouviu 1.100 profissionais responsáveis pelo combate à fraude em órgãos públicos e revelou que quase todos já foram vítimas de ataques com base em IA. Setenta por cento notaram aumento desses crimes nos últimos cinco anos, em especial fraudes de identidade, fiscais e relacionadas a benefícios sociais. As perdas financeiras são significativas: os entrevistados estimam que até 16% dos orçamentos poderiam ser poupados com ações eficazes de combate à fraude, desperdícios e abusos (FWA).
O uso de IA por criminosos permite a criação de identidades sintéticas, campanhas de phishing customizadas e malwares sofisticados que burlam sistemas de detecção. Além dos prejuízos financeiros, 96% dos entrevistados apontam impactos negativos na confiança dos cidadãos em programas governamentais.
Embora 85% dos órgãos coloquem o combate à fraude entre suas principais prioridades, apenas 10% afirmam dispor de ferramentas e recursos adequados. Os principais obstáculos incluem falta de habilidades analíticas, tecnologia e orçamento.
O estudo também revela que a rápida adoção de IA e IA generativa é vista como uma solução potencial. Atualmente, cerca de metade das agências públicas utilizam IA para combater FWA e pouco mais de 25% recorrem à IA generativa. A tendência, no entanto, é de crescimento acelerado: 97% dos entrevistados planejam implementar IA generativa nos próximos dois anos, incluindo o uso de LLMs, dados sintéticos e gêmeos digitais.
Entre os órgãos que já usam IA no combate à fraude, os principais benefícios relatados são maior eficiência da força de trabalho (57%), melhor priorização de alertas e detecção mais rápida e em maior volume de FWA.
O relatório ainda alerta para a importância de garantir o uso responsável da IA, destacando a necessidade de supervisão humana, proteção à privacidade e segurança dos dados. Garantir a integridade dos programas e minimizar danos colaterais aos cidadãos são preocupações constantes das lideranças entrevistadas.
Siga TI Inside no LinkedIn e fique por dentro das principais notícias do mercado.