
Lula discursa em evento nacional do PT, agosto de 2025
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) admitiu, neste domingo (3), que as negociações com os Estados Unidos demandam cautela. Segundo ele, a diplomacia não permite que ele fale tudo o que acha que “tem que falar, ou que é possível falar”.
Ele também afirmou que a postura do Brasil em defesa da soberania assusta “pessoas que acham que mandam no mundo”, sem citar diretamente o presidente Donald Trump.
“Por exemplo, nessa briga que a gente está fazendo agora, com a taxação dos Estados Unidos, eu tenho um limite de briga com o governo americano. Eu não posso falar tudo que eu acho que eu tenho que falar, que é possível falar, porque eu acho que nós temos que falar aquilo que é necessário”, afirmou o petista.
Segundo ele, o que tem norteado a postura dele é uma frase do cantor Chico Buarque: “Eu gosto do PT, porque ele não fala fino com os Estados Unidos, e não fala grosso com a Bolívia. A gente fala em igualdade de condições com os dois. Essa que é a lógica da política”, prosseguiu.
A fala do presidente Lula ocorreu durante encerramento do evento nacional do PT, em Brasília.
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Posse do novo presidente do partido
Reunidos desde a sexta-feira (1º), petistas discutiram e aprovaram o documento que vai orientar a nova gestão do PT, sob comando de Edinho Silva.
Ex-prefeito de Araraquara (SP), Edinho Silva foi eleito em julho para um mandato de quatro anos à frente do partido. Ele tomou posse no ato deste domingo, ao lado de Lula, que o apoiou na disputa interna da legenda.
Durante o pronunciamento, o novo presidente do partido reiterou falas anteriores sobre relação com o Congresso, fez críticas ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e defendeu a reeleição do presidente Lula.
“Reeleger Lula significa reafirmar o nosso projeto de país, um Brasil que seja forte, que tenha uma pequena propriedade organizada e protegida […] também o projeto da soberania nacional, não somos e não queremos ser um puxadinho dos Estados Unidos. Não queremos ser quintal dos estados. Queremos ser um país soberano”, afirmou o político.
Organização para 2026
Além de Edinho Silva, novos dirigentes também foram empossados. Entre eles, o ex-ministro José Dirceu. Aliado histórico de Lula, Dirceu retornou à direção nacional do partido depois de anos.
Das discussões no encontro nacional do PT, nasce o documento que orientará a atuação do partido e que deve destacar os desafios da candidatura de Lula à reeleição. A disputa do próximo ano tem sido avaliada internamente como uma das mais complexas dos últimos anos.
O documento final do evento deste domingo defende a aliança com partidos e cobrar melhorias na comunicação do governo e com evangélicos.
“Além de fazer a mais ampla aliança democrática possível, de partidos e organizações sociais, precisamos constituir um vasto movimento popular, que vá além do campo político e incorpore milhões de pessoas comuns que acreditam na liberdade e na democracia”, diz trecho do documento.
A proposta sinaliza que o PT deve buscar “pessoas que muitas vezes não são de esquerda”. Há também a indicação para que a militância petista mantenha proximidade com católicos e aprofunde o diálogo com evangélicos – segmento da sociedade que tende a escolher políticos de direita.
Há, ainda, uma cobrança de que o partido entre no debate da segurança pública no Brasil. O documento afirma que, apesar dos esforços da atual gestão de Lula, a “verdade é que o problema continua em aberto e parece exigir uma nova abordagem”.