
Um achado surpreendente e um tanto inquietante agitou o Savannah River Site (SRS), uma vasta instalação no estado da Carolina do Sul, EUA, com um passado sombrio ligado à era nuclear. Durante verificações de segurança rotineiras no início de julho, trabalhadores se depararam com algo inesperado: um ninho de vespas que, ao contrário de qualquer outro, emitia radiação.
O SRS não é um lugar comum. Durante décadas da Guerra Fria, foi um centro crucial de produção, gerando plutônio e trítio – ingredientes essenciais para bombas nucleares.
Hoje, seu principal foco é a imensa tarefa de limpeza ambiental e o armazenamento seguro dos resíduos radioativos que sobraram dessa época. Parte desse armazenamento envolve enormes tanques subterrâneos, capazes de conter milhões de litros de resíduos nucleares líquidos; 43 desses tanques ainda estão em uso atualmente.
Foi próximo a essas estruturas críticas que os funcionários encontraram o primeiro ninho anômalo. Medições revelaram que os níveis de radiação emitidos por ele eram cerca de dez vezes superiores ao limite regulamentar estabelecido para segurança.
A surpresa não parou por aí. Inspeções posteriores, também realizadas como parte das atividades de rotina, identificaram outros três ninhos contaminados. Felizmente, todos estavam vazios, sem a presença das próprias vespas.
O Departamento de Energia dos EUA (DOE), responsável pela gestão do local, agiu rapidamente. O ninho inicial foi pulverizado para eliminar eventuais insetos remanescentes e depois cuidadosamente embalado como lixo radiológico para descarte apropriado. Edwin Deshong, gerente do escritório de operações do DOE no Savannah River, assegurou ao público que a situação está sob controle.
Ele afirmou que os ninhos apresentam níveis “muito baixos” de contaminação e que não representam qualquer perigo para a saúde dos trabalhadores do local, para a comunidade vizinha ou para o meio ambiente.
A explicação mais provável, segundo o DOE, está ligada ao próprio histórico do terreno. A contaminação teria origem no que chamam de “contaminação radioativa legada no local”, resquícios da época em que materiais para armas nucleares eram produzidos ali. As vespas, ao buscarem material para construir seus ninhos, podem ter coletado partículas contaminadas presentes no solo ou em estruturas antigas.
Um porta-voz da Savannah River Mission Completion (SRMC), entidade que lidera a limpeza do local, reforçou que o padrão de voo das vespas é normalmente muito limitado – geralmente ficam dentro de um raio de cerca de 200 metros do ninho, com raras exceções chegando a 800 metros. Além disso, o ciclo de vida curto desses insetos, inferior a um mês, minimizaria qualquer dispersão significativa.
No entanto, a descoberta levantou questões importantes para alguns especialistas. Timothy Mousseau, biólogo da Universidade da Carolina do Sul, vê o incidente como um possível sinal de alerta.
Ele não discorda que os ninhos em si não são uma ameaça direta ao público. Sua preocupação é mais ampla. O fato de vespas terem conseguido construir ninhos radioativos sugere, na visão dele, que pode haver áreas com contaminação ativa que escaparam aos sistemas de monitoramento anteriores ou que estão ressurgindo de alguma forma.
“É um indicador de que existem contaminantes espalhados por esta área que não foram completamente confinados e protegidos”, comentou Mousseau. Ele enfatizou a necessidade de investigar mais a fundo: “A principal preocupação está relacionada à possibilidade de existirem áreas maiores com contaminação significativa que passaram despercebidas no passado”.
O biólogo defende estudos adicionais para entender a origem precisa dos radionuclídeos (elementos radioativos) encontrados nos ninhos, determinar quão comum é esse fenômeno e avaliar se há evidências de que esses materiais estejam sendo transportados através do ecossistema local por insetos ou outros meios.
Enquanto as operações de limpeza continuam no Savannah River Site, a história dos ninhos radioativos serve como um lembrete curioso e complexo dos desafios persistentes deixados pela indústria nuclear militar. A
natureza encontrou uma forma peculiar de interagir com o legado radioativo enterrado, gerando tanto uma ação de resposta imediata quanto debates sobre a extensão total da contaminação histórica e a eficácia das medidas de contenção a longo prazo. A resposta oficial é de tranquilidade, mas a dúvida científica pede por mais escrutínio.
Esse Cientista emite alerta sério após descoberta perturbadora em antiga usina de bombas nucleares dos EUA foi publicado primeiro no Misterios do Mundo. Cópias não são autorizadas.