
Enquanto boa parte do Brasil ainda lida com desequilíbrio fiscal, gargalos de infraestrutura e instabilidade institucional, o Espírito Santo segue o caminho oposto: silencioso, eficiente e tecnicamente robusto. Não faz barulho com slogans — entrega com resultados. A fórmula capixaba combina disciplina, visão de longo prazo e políticas públicas baseadas em dados e evidências.
Em 2024, o Espírito Santo foi, pelo oitavo ano seguido, o único estado a conquistar nota “A” do Tesouro Nacional em todos os critérios do CAPAG — o indicador que mede a capacidade de pagamento dos entes federativos. Isso traduz solidez na gestão da dívida, equilíbrio nas contas e responsabilidade com os gastos correntes. No mesmo ano, mesmo com a desaceleração nacional, o estado registrou superávit superior a R$ 1 bilhão. De toda a receita corrente líquida, 11,2% foi convertida em investimento direto — o maior percentual do país, segundo relatório fiscal publicado em março de 2025.
Economia Capixaba em Ascensão
A economia também avança. O PIB capixaba cresceu 2,6% em 2024, impulsionado pela retomada do setor de petróleo e gás na Bacia do Espírito Santo, pela expansão da indústria de transformação no eixo Vitória–Serra e pelo crescimento do agronegócio no noroeste. As exportações ultrapassaram US$ 10,7 bilhões, com destaque para petróleo bruto, celulose, rochas ornamentais e café. O estado também lidera as exportações brasileiras de gengibre, pimenta-do-reino e mamão, com 57%, 67% e 41% da produção nacional, respectivamente.
Na logística, o Espírito Santo consolida-se como o próximo hub portuário do Brasil. O Porto de Vitória bateu recorde em 2024 com mais de 8 milhões de toneladas movimentadas. O Porto Central, em Presidente Kennedy, segue em obras, com previsão de operação parcial em 2027. Já o Porto da Imetame, cuja primeira fase será entregue em 2026, terá calado inicial de 17 metros e capacidade para 300 mil contêineres por ano — podendo chegar a 1 milhão, com expansão futura.
A localização estratégica entre o Sudeste e o Nordeste, somada aos incentivos do Compete-ES, tem atraído operadores logísticos e industriais, especialmente dos setores: automotivo, energia limpa e bens de capital.
Desafios e o Futuro do Espírito Santo
No eixo da liberdade econômica, o Espírito Santo lidera o ILIBRE (Índice de Liberdade Econômica Estadual, 2024), com destaque para ambiente regulatório, segurança jurídica e agilidade nos processos. O tempo médio para abrir uma empresa caiu para 7 horas, e o número de empresas ativas cresceu 12% no ano, segundo a Junta Comercial.
Entretanto, o Espírito Santo enfrenta um obstáculo: a baixa representatividade no debate nacional. Apesar dos avanços concretos em educação, finanças e infraestrutura, o estado permanece à margem das grandes decisões federativas. Reforma tributária, pacto federativo e orçamento da União são temas em que a competência técnica capixaba ainda não se traduz em influência política. E isso precisa mudar.
Porque não basta entregar resultados, é preciso representá-los. O Espírito Santo não é apenas um case de sucesso, é símbolo de um Brasil que pode dar certo. Em um cenário nacional ainda marcado por ruídos, instabilidade e promessas vazias, o estado mostra que é possível governar com dados, crescer com responsabilidade e liderar com coerência.
A onça político-econômica brasileira já despertou e ela está aqui. Silenciosa, eficiente e convicta, ela não ruge por holofotes: entrega por propósito. O Espírito Santo já vive o futuro que o Brasil ainda procura. E está na hora de fazer esse exemplo ecoar além das divisas.