Novo Fandangos: menos ingredientes, mais dúvidas

Foto: Reprodução/Pão de Açúcar

Nos últimos dias, o salgadinho Fandangos voltou a ser assunto nas redes sociais. O motivo? A nova fórmula do produto, que agora apresenta uma lista de ingredientes bem mais enxuta. Milho, óleo vegetal e aromatizante. Só isso.

Com essa mudança, muitos consumidores comemoraram. Afinal, existe uma crença popular de que quanto menor a lista de ingredientes, mais saudável é o alimento. Mas será que essa lógica sempre se aplica?

Menos ingredientes não significa mais saúde

O que parece uma simplificação pode, na verdade, esconder muita coisa. O novo Fandangos sabor presunto, por exemplo, contém 549mg de sódio a cada 100g. Se tivesse apenas 51mg a mais, já entraria na categoria “alto em sódio” segundo os critérios da Anvisa, que exige o uso de uma lupa de advertência nesses casos.

E aqui entra a principal questão: como um alimento tão salgado pode ter uma lista de ingredientes tão simples, sem sequer mencionar o sal?

O aplicativo Desrotulando foi atrás da resposta e entrou em contato com a fabricante. A empresa informou que o termo “aromatizante” presente no rótulo representa uma mistura que inclui 13 ingredientes e aditivos, entre eles sal e realçadores de sabor com sódio. Em outras palavras, o sódio está ali, mas de forma camuflada.

O que o rótulo não conta de forma explícita

Esse caso evidencia a importância de desenvolver um olhar mais crítico sobre os rótulos dos alimentos. A leitura não deve se limitar ao que está aparente. Muitas vezes, o marketing trabalha para que o produto pareça mais saudável do que realmente é. Termos genéricos como “aromatizante”, “condimento”, “preparado sabor” ou “extrato de levedura” podem englobar uma série de ingredientes ultraprocessados que nem sempre são facilmente identificáveis.

Além disso, um produto pode ter uma lista de ingredientes curta, mas ainda assim conter aditivos em concentrações que comprometem sua qualidade nutricional.

Por que precisamos prestar mais atenção nos rótulos

A alimentação tem impacto direto na nossa saúde ao longo da vida. Com o aumento do consumo de alimentos ultraprocessados, crescem também os casos de doenças crônicas como hipertensão, obesidade, diabetes tipo 2 e até alguns tipos de câncer. Ao aprender a interpretar os rótulos, passamos a identificar armadilhas escondidas sob nomes técnicos ou estratégias de marketing. Essa consciência nos permite fazer escolhas mais seguras, equilibradas e coerentes com nossos objetivos e com o cuidado que nosso corpo merece.

Como aprender a ler os rótulos de forma estratégica

Para tomar decisões mais conscientes no mercado, vale seguir algumas orientações simples:

  • Os ingredientes são listados em ordem decrescente. Isso significa que o primeiro ingrediente é o que está presente em maior quantidade no produto, enquanto o último é o que aparece em menor proporção.
  • Nem sempre uma lista de ingredientes extensa é algo negativo. Alguns alimentos mais naturais ou integrais, como granolas e pães artesanais, podem ter listas longas por conter vários itens saudáveis.
  • Desconfie de termos muito genéricos como “aromatizante” ou “condimento sabor”. Eles costumam esconder misturas complexas de aditivos.
  • Uma ferramenta útil para quem quer interpretar melhor os rótulos é o aplicativo Desrotulando, que analisa a composição dos alimentos e classifica sua qualidade nutricional com base em evidências.

Aprender a ler rótulos é um passo fundamental para cuidar da saúde e fazer escolhas mais alinhadas com seus objetivos. Afinal, o que importa não é só o que está visível, mas também o que está sendo escondido.

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