Já está disponível no canal do Youtube o episódio mais recente do programa Papo na Laje, do Brasil de Fato, que dá destaque para os saberes tradicionais por meio das vivências de duas guardiãs da cultura popular: Dona Benedita e Sebastiana, mãe e filha, artesãs da taboa do município de Maricá, região metropolitana do Rio de Janeiro.
Gravado no quintal da casa onde vivem, o episódio apresenta o cotidiano e os desafios das artesãs, que produzem manualmente esteiras, bolsas, chapéus e outros objetos utilizando a palha da taboa, planta típica de áreas alagadas. A atividade artesanal, além de ser o sustento da família, é um legado cultural da cidade.
Com 75 anos de vida e mais de cinco décadas de dedicação ao artesanato com taboa, Dona Benedita é um nome emblemático da cultura popular de Maricá, no estado do Rio de Janeiro. Sebastiana, sua filha, dá continuidade ao trabalho da família e destaca o orgulho de preservar esse conhecimento.
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No episódio, Benedita compartilha lembranças de quando começou a trabalhar com a taboa, ainda criança. Aos sete anos, já ajudava os pais na roça e começou a fazer esteiras com a palha de taboa, tradição familiar que mais tarde viria a reinventar. Casou-se jovem, enfrentando uma vida marcada por dificuldades financeiras. Autodidata, ela transformou a palha colhida no mangue em sustento, transmitindo seu saber para as filhas e para aqueles que se dispõem a aprender uma arte minuciosa, ancestral e, como ela mesma diz, “ensinada por Deus”.
A atualidade do saber tradicional
Durante a conversa conduzida por Dani Câmara, as artesãs refletem sobre as mudanças no território, o impacto do crescimento urbano e o desafio de manter vivas práticas culturais que não se encaixam na lógica do consumo acelerado. O episódio evidencia que, ao contrário do que muitos pensam, o saber tradicional é profundamente atual, pois conecta cuidado com o meio ambiente e identidade.
Reconhecer, preservar e valorizar os saberes tradicionais de mestres e mestras da cultura popular é uma tarefa urgente. Ao longo da história, práticas culturais oriundas da oralidade e da experiência cotidiana, especialmente de populações negras, indígenas e periféricas, foram sistematicamente apagadas ou marginalizadas.
Em tempos de industrialização acelerada e digitalização das relações sociais, o conhecimento de idosos e mestres populares corre o risco de ser relegado ao esquecimento. Por isso, é essencial celebrar trajetórias como a de Dona Benedita e Sebastiana, que seguem transmitindo, com as próprias mãos, histórias vivas de sua comunidade.
Além da produção artesanal, Dona Benedita e Sebastiana também realizam oficinas de arte de taboa para quem quer conhecer o ofício. Elas contam que primeiro é necessário aprender a trançar e que na terceira aula já é possível produzir alguma peça. As oficinas são uma forma de garantir que o conhecimento ancestral não se perca com o tempo.
Sobre o programa
O Papo na Laje é um programa semanal que valoriza o protagonismo da juventude nas comunidades do Rio de Janeiro. A cada episódio, a apresentadora Dani Câmara recebe dois convidados para um bate-papo em diferentes territórios do estado.
A quarta temporada do programa conta com a parceria da Incubadora de Inovação Social em Cultura de Maricá, um projeto do Instituto de Ciência, Tecnologia e Inovação (ICTIM), em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura e o Instituto Brasil Social (IBS).
Para quem deseja conhecer mais sobre a força das tradições populares e ouvir histórias que atravessam o tempo, o convite está feito: assista agora ao episódio sobre Saberes Tradicionais no canal do Youtube do Papo na Laje.
E para conhecer de perto o trabalho artesanal de Dona Benedita, é possível entrar em contato e fazer encomendas pelo perfil no Instagram ou pelo WhatsApp: (21) 99912-8510. As peças também são comercializadas na feira Espraiado de portas abertas que acontece a cada dois meses. A próxima está marcada para este domingo (9).
O post Papo na Laje: artesãs de taboa em Maricá (RJ) produzem objetos com palha colhida no mangue apareceu primeiro em Brasil de Fato.
