O Ministério das Relações Exteriores convocou o chefe da embaixada dos Estados Unidos, o diplomata Gabriel Escobar, para dar explicações sobre as ameaças aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) em meio aos ataques de Donald Trump ao Brasil em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Escobar foi recebido às 9h desta desta-feira (8) pelo embaixador Flavio Goldman, que chefia interinamente a secretaria de Europa e América do Norte do Itamaraty. Segundo relatos, Goldman expressou indignação com o tom e o conteúdo de publicações recentes dos Estados Unidos, reforçando a ingerência de Trump em assuntos internos.
Nesta quinta-feira (7), o perfil da embaixada nas redes sociais publicou que o ministro Alexandre de Moraes, relator dos processos contra Bolsonaro na Corte, é “o principal arquiteto da censura e perseguição” contra o ex-presidente e seus apoiadores”. A embaixada também disse, em tom de ameaça, que os aliados do ministro “no Judiciário e em outras esferas estão avisados para não apoiar nem facilitar a conduta de Moraes. Estamos monitorando a situação de perto”.
A publicação foi feita dias após Moraes decretar a prisão domiciliar de Bolsonaro no âmbito do inquérito que investiga articulações com o governo dos Estados Unidos contra a soberania brasileira.
No último dia 30, os EUA sancionaram o magistrado com base na Lei Magnitsky, que permite a Washington impor sanções a cidadãos estrangeiros acusados de corrupção em larga escala ou graves violações de direitos humanos. Além da sanção a Moraes, Trump impôs uma tarifa adicional de 40% sobre produtos importados do Brasil, somando o valor total em 50%. A sobretaxa de 10% já havia sido anunciada em abril deste ano. A taxa passou a valer na última quarta-feira (6).
Ao assinar a ordem executiva, o republicano saiu em defesa de Bolsonaro, reforçando o caráter político da medida. Ele acusou o Estado brasileiro de perseguir politicamente o ex-mandatário e seus aliados, além de promover “graves violações de direitos humanos” e comprometer o Estado de Direito. “A perseguição, intimidação, assédio, censura e processos contra Jair Bolsonaro e milhares de seus apoiadores são abusos sérios”, diz o documento.
Esta não foi a primeira vez que um representante da embaixada estadunidense foi convocado ao Itamaraty para dar explicações sobre declarações ou decisões de Washington relacionadas ao Brasil e ao STF. Uma das primeiras reuniões ocorreu dias após Trump iniciar ataques públicos ao país, quando a embaixada tratou Bolsonaro e seus familiares como vítimas de perseguição e aliados dos EUA.
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