
Mulheres atendidas pela rede de combate à violência da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) estão participando do “Juntas por Elas”, iniciativa que está oferecendo diversos serviços com o objetivo de incentivar a autonomia financeira e emocional das mulheres em Feira de Santana.
O evento está acontecendo nesta sexta-feira (8), na Deam, no Conjunto Jomafa, e faz alusão à Campanha Agosto Lilás, de combate à violência doméstica e familiar contra a mulher e à Lei Maria da Penha, ferramenta importante do estado que completou 19 anos na defesa e proteção da mulher.

“Promovemos uma série de ações de conscientização e combate a este crime e, na data de hoje, estamos promovendo um evento para mulheres já inseridas na rede, mulheres que foram vítimas de violência doméstica e estão sendo atendidas pelo Centro de Referência, para que elas venham até aqui e possam se inscrever em cursos profissionalizantes”, disse Lorena Almeida, titular da Deam.
Entre os cursos oferecidos estão a oficina de gastronomia com o preparo de mini pizzas, ministrada pelo instrutor Rômulo Ramos, do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), e o curso de automaquiagem com profissionais das marcas Vult e Vizzela.
Ao Acorda Cidade, a delegada destacou a importância desses cursos profissionalizantes, que se tornam verdadeiras ocupações emancipatórias para as mulheres. São ações práticas que ensinam elas a como empreender com pouco para se tornarem protagonistas de suas histórias.

“Porque a gente sabe que é muito difícil romper o ciclo de violência doméstica, porque as mulheres acabam desenvolvendo uma dependência financeira e principalmente emocional. Então, essas ações visam romper esses dois ciclos.”
O “Juntas por Elas” trouxe também agentes do Banco do Nordeste, com informações sobre linhas de crédito para mulheres empreendedoras, e o Senac, com o Banco de Oportunidades, com orientações para inserção no mercado de trabalho através dos cursos profissionalizantes.
O encontro reuniu ainda a sororidade entre elas com muita confraternização, distribuição de brindes e música ao vivo. “Estamos aqui para fazer esse resgate delas, para que elas possam se enxergar como sujeitos de direitos, se enxergar como pessoas merecedoras de uma vida digna e feliz.”
São mulheres que já sofreram diversos tipos de violência e que a dor acabou apagando suas identidades, a autoconfiança em si e também no mundo. Por isso, é imprescindível que o estado trabalhe para resgatar essa confiança e a autoestima dessas mulheres, reinserindo-as na sociedade com dignidade e respeito.

Dados da violência
Crimes relacionados à Lei Maria da Penha são os de maior incidência nas Deam por todo o Brasil. Segundo a Central de Atendimento à Mulher (Ligue 180), de janeiro a 31 de julho de 2025, foram mais de 86 mil denúncias de violência contra mulheres.
Em Feira de Santana, a realidade não é diferente. Somente no primeiro semestre de 2025, foram 1.855 ocorrências registradas na Deam, com 405 medidas protetivas solicitadas. São tentativas de feminicídio, lesão corporal, ameaças, crimes contra a honra e patrimônio que atingem mulheres de todas as classes sociais.
“Estamos focando no viés operacional da unidade. Estamos fazendo uma série de investigações de prisões, porque se o ordenamento jurídico brasileiro entendeu que esses crimes são crimes graves e merecem punição severa, nós devemos dar efetividade a essas leis. Por isso, a gente está buscando investigar e prender os agressores. Paralelamente a isso, estamos também promovendo ações sociais, como no caso de hoje, que complementam a nossa atividade de polícia judiciária”, explicou a delegada ao Acorda Cidade.
Para a delegada, a violência contra a mulher — seja ela física, psicológica, sexual, patrimonial ou que envolve a moralidade da mulher — se deve ao machismo estrutural, sistema de dominação de desigualdade de gênero profundamente enraizado na sociedade, seja com a diferença salarial, representação de mulheres nos espaços de poder e decisão, mas também de questões mais simples, como o papel que é atribuído às mulheres desde a infância.
“As mulheres, as meninas, crescem acreditando que elas precisam de um relacionamento para ser felizes, por isso infelizmente às vezes acabam aceitando todo tipo de violência para se manter naquele relacionamento e é esse tipo de conceito que a gente precisa mudar”, acrescentou Lorena Almeida.
Como pedir ajuda
Denúncias sobre qualquer caso de violência contra a mulher podem ser feitas através do número 180, o serviço é gratuito e funciona 24h por dia, todos os dias da semana. É possível fazer a ligação de qualquer lugar do Brasil ou acionar o canal via chat no WhatsApp (61) 9610-0180.
A Deam de Feira de Santana está localizada no Complexo Policial Investigador Bandeira, no Conjunto Jomafa.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade
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