A deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) condenou, em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato, o motim promovido por parlamentares na Câmara dos Deputados. Ela classifica o ato como “um desrespeito às instituições e ao próprio país”. Para a deputada, responsabilizar os participantes da ação é um “imperativo para a valorização dos mandatos parlamentares que são eleitos pela população”.
Rosário compara a situação com a última vez que o Congresso brasileiro parou, quando houve o endurecimento significativo da ditadura militar no Brasil (1964-1985). “A última vez que o parlamento brasileiro foi fechado foi na ditadura, quando o AI-5 foi assinado por um general ditador”, diz, lembrando que parlamentares foram caçados e desapareceram nessa época.
“Desta vez um grupo de parlamentares tomou a mesa da Câmara para impedir a continuidade dos trabalhos. Não qualquer parlamentar estava ali, mas exatamente aqueles que estão envolvidos no 8 de janeiro, na tentativa de golpe, na destruição do parlamento”, complementa.
“Trabalho para que PL seja isolado”
A deputada afirma que trabalha “para que o PL seja isolado”. “O núcleo central dessa atitude de desrespeito ao Brasil, de golpe, porque parar o Congresso é uma ação golpista, uma ação fascista, que eles fizeram”, justifica.
Ela critica ainda a atuação no exterior de parlamentares como o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-RJ), do partido de Jair Bolsonaro (PL). O ex-presidente está preso em domicílio enquanto aguarda o julgamento por tentativa de golpe.
Nos EUA, Eduardo agiu com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para chantagear o Brasil pela anulação do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) do qual seu pai é réu, o que levou o líder estadunidense a aplicar uma sanção tarifária ao país.
“Não é possível aceitar isso. Um parlamentar não pode estar em outro país agindo contra o Brasil. Isso não é razoável, não é correto, não é digno”, opina.
“Anistia é algo escuro”
Entre as pautas defendidas pelos parlamentares envolvidos no motim estão o fim do foro privilegiado e a anistia para os envolvidos nos atos de 8 de janeiro.
“Quem apoia a anistia hoje, de Bolsonaro ou de qualquer desses generais golpistas, está apoiando que eles deem o golpe daqui a pouco, daqui a alguns meses”, avalia Rosário. A deputada cita a história da anistia após 1961, que, segundo ela, contribuiu para o golpe de 1964 e os 21 anos de ditadura.
“A anistia é algo escuro, inaceitável. Quem comete crimes tem que ser responsabilizado”, defende, reforçando também que “retirar o foro privilegiado agora significa jogar para a primeira instância a participação desses parlamentares” e acelerar sua responsabilização civil e criminal.
Para ouvir e assistir
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