
A revolução da inteligência artificial tem provocado uma transformação sem precedentes nas dinâmicas sociais, econômicas e políticas do mundo contemporâneo. De ferramentas que auxiliam diagnósticos médicos a algoritmos que moldam o consumo de informação, a IA passou a ocupar espaços cada vez mais centrais na vida cotidiana. Diante desse avanço, surgem também inquietações legítimas: quem controla a tecnologia? A quem cabe regular seu uso? Estaríamos entregando nossa liberdade a códigos invisíveis?
A resposta fácil e perigosa seria apelar ao Estado. Muitos defendem que cabe ao poder público limitar o desenvolvimento da inteligência artificial, censurar conteúdos gerados por algoritmos e proteger as pessoas “de si mesmas”. No entanto, essa postura ignora um princípio essencial para qualquer sociedade verdadeiramente livre: a responsabilidade individual. O liberalismo não nega os riscos da tecnologia, mas aposta que é o indivíduo, e não o Estado, quem deve assumir o protagonismo ético nesse novo cenário.
A inteligência artificial, em si, não possui intenções. Ela é uma extensão da mente humana, construída por pessoas e treinada com base em decisões humanas. Por isso, seu uso e seus efeitos devem ser atribuídos não à tecnologia em si, mas às escolhas de quem a desenvolve e consome. Como bem afirmou Milton Friedman, “com grande liberdade vem grande responsabilidade”. Esperar que o Estado nos proteja de toda ameaça tecnológica é abrir mão da autonomia que conquistamos com tanto esforço.
O Perigo da Tutela Estatal e a Censura Algorítmica
O perigo da tutela estatal é ainda mais evidente quando se trata da censura algorítmica. Em nome do combate à desinformação ou da regulação de discursos, governos ao redor do mundo já ensaiam legislações que visam controlar o conteúdo gerado ou mediado por sistemas de IA. O resultado? Uma erosão silenciosa da liberdade de expressão, travestida de proteção. Um povo livre precisa ter o direito de errar, escolher mal e aprender com isso sem depender de um guardião central que decida o que é verdade, o que é seguro ou o que é aceitável.
A Valorização da Liberdade e Autonomia
Isso não significa que devemos ignorar os riscos reais da inteligência artificial. Questões como privacidade de dados, viés algorítmico e impactos no mercado de trabalho merecem debate sério. Mas esse debate deve partir da valorização da liberdade e da autonomia, e não de um pânico moral que clama por controle centralizado. A solução não está em menos liberdade, mas em mais consciência. Em vez de censura, educação. Em vez de passividade, protagonismo individual.
A era dos algoritmos exige cidadãos lúcidos, não súditos protegidos. Exige reflexão crítica, responsabilidade individual sobre as próprias escolhas, e a coragem de defender a liberdade mesmo quando ela nos expõe a riscos. A tecnologia, afinal, é ferramenta. Quem define seu impacto somos nós.