
Feira de Santana não deixa nada a desejar quando se fala de grandes nomes do esporte. Um dos exemplos mais inspiradores é o do professor e ex-atleta Antônio Carlos Rocha, referência no atletismo nacional. Hoje com 77 anos, ele é professor de Educação Física e dedicou boa parte da sua vida ao atletismo, tanto nas pistas, quanto fora delas, como treinador e coordenador de projetos sociais. A casa de Seu Rocha, repleta de medalhas, troféus e lembranças, é um verdadeiro museu de memórias esportivas.

Ao Acorda Cidade, ele relembrou o incentivo que recebeu no início da carreira de muitos professores e atletas que já se destacavam na cidade. Nomes como o do professor Nelson Nascimento, do Colégio Estadual, que “botou ele pra correr”.
“De lá surgiram bons atletas. No meu tempo lá do colégio, eu posso citar alguns nomes como a professora Rosângela, recordista baiana de salto de distância; o professor Gastão Assis, do basquete; o professor Eurico Gaspar, que foi do atletismo. A prova dele era salto em altura e depois disso surgiram mais.”

Ainda jovem, Rocha integrou a equipe do Sesi (Serviço Social da Indústria), sob a orientação do então técnico Admilson Santos, conhecido como AD, hoje professor doutor, com quem tem grande admiração. Ali, dividiu treinos com atletas de destaque nacional, como Antônio Renildo Brito, conhecido como “Espirro”, vice-campeão brasileiro, e Giovanni Jorge Álvaro da Silva, o “Nena”.

“Eu não era saltador, nem lançador, eu gostava de correr. E ele [Nelson] me botou participar de algumas provas naquele tempo, que tinha os jogos escolares. Tinha a Olimpíada Escolar, que a gente fazia, era uma festa grande, lá na Fonte Nova. Daí, engajei com isso e disse, vou treinar e participar, estudar mais ainda. Daí eu passei a gostar do atletismo e hoje em dia eu fico aqui”, revelou ao Acorda Cidade.
Antônio Carlos contou que o gosto pelas provas de longa distância foi o que realmente definiu sua carreira como atleta. “Essas provas curtas, é para o atleta que tem muita velocidade, 100, 200, 400, até 5 mil, mas eu gostava mais de uma prova longa, de 21, 42, acima de 10 quilômetros, eu gostava de participar.”

Entre as competições, a mais marcante foi a Maratona do Rio de Janeiro, da qual fez parte por quatro anos consecutivos com bons resultados. “A Maratona do Rio dos 42 quilômetros e 195 metros. Existiram algumas provas em outros estados, inclusive em Recife, na Paraíba, em São Paulo, que foi a São Silvestre, teve outra prova lá também e com isso eu gostava muito de viajar e participar das provas e passei a estudar mais ainda.”
Já sobre a famosa Corrida de São Silvestre, Rocha disse que não foi tão boa a experiência. Participou, mas não gostou. “Porque naquela época não existia o chip. Eu saí bem, chegando logo depois da elite, eu larguei, fui atrás, na subida da Consolação entraram dois na minha frente que eles estavam parados, esperando chegar. Eu reclamei, disseram que não tem jeito, eu disse então tá bom e não participei mais”, explicou.

Formando campeões
Em competições nacionais, Rocha correu até os 60 anos, representando Feira de Santana por todo o país. Ainda no auge do atletismo, saiu em revistas, maas seu legado vai muito além das pistas. Como treinador e incentivador de novos talentos, levou alunos a conquistar títulos expressivos. “Eu pegava uma máquina de datilografia, mandava o projeto, mandava ele treinar e fazia a tabela de treinamento dele. E surgiam bons atletas.”

Entre os nomes que despontaram sob o seu trabalho estão Gilmar Pereira, de Jacobina, pentacampeão do Circuito Nacional da Caixa Econômica Federal, e Simone Alves, recordista brasileira. E não para por aí. Atualmente, ele segue firme no trabalho de base, treinando novos atletas em Feira e região. Um dos destaques atuais é Aninha, de São Gonçalo dos Campos, tricampeã baiana e vice-campeã brasileira no lançamento de dardo.
Outro grande atleta formado por ele foi Maria de Lourdes, atleta que passou 13 anos treinando com Rocha e conquistou números expressivos. “Pelas minhas contas, ela só perdeu duas provas. E ela deixou a marca dela aí nos tempos. 10 quilômetros, 36 minutos. E a meia maratona, que é uns 21 quilômetros e 100 metros, ela fez 1 hora e 13min em São Paulo, que eu estava com ela lá. Mas aí surgiram outros e outros”.

Mesmo após décadas dedicadas ao esporte, seu Rocha continua ativo. Além de seguir treinando atletas, é o fundador da Afac, Associação Feirense de Atletas Corredores, criada em 1980, que mantém viva a paixão pelas corridas na cidade.
“Hoje em dia eu também tenho aqui bons atletas aqui na cidade que estão despontando aí no cenário nacional. Mas vamos lá, seguir o trabalho, porque é importante para nós e para mim também”, completou Antônio Carlos.
Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade
Siga o Acorda Cidade no Google Notícias e receba os principais destaques do dia. Participe também dos nossos canais no WhatsApp e YouTube e grupo de Telegram.