
A Polícia Civil concluiu o inquérito de um homem foragido por feminicídio em Boa Esperança, região Norte do Espírito Santo. O crime foi inicialmente registrado como acidente de trânsito, mas após investigações, os policiais concluíram que Nailde Ferreira de Souza, de 58 anos, morreu por espancamento.
Além do feminicídio, o suspeito, que é ex-marido da vítima, de 52 anos, também responderá por adulteração de placa e falsidade ideológica. Ele foi indiciado e seu nome não foi divulgado.
O caso ocorreu na madrugada de 18 de julho, quando a vítima foi encontrada caída e ferida na rodovia ES-315, na zona rural de Boa Esperança, no Noroeste do Espírito Santo. Ela foi socorrida pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU 192), mas não resistiu e morreu no Hospital Roberto Arnizaut Silvares, em São Mateus.
A polícia inicialmente trabalhou com a hipótese de atropelamento, o que foi descartado após laudo cadavérico apontar morte por traumatismo cranioencefálico, o que provava as agressões. A perícia técnica também não encontrou sinais no local que indicassem acidente.
As apurações revelaram que a vítima estava na garupa da motocicleta do ex-marido, que se afastou após o crime e chegou a uma praça com as mãos sujas de sangue, dizendo a uma testemunha que a vítima havia caído e que ele não retornaria ao local para não ser preso, pois tinha “pendências com a Justiça”.
No dia 19 de julho, o suspeito foi detido pela PM por dirigir um carro com placa adulterada. Na ocasião, apresentou nome falso.
Durante as investigações, a Polícia Civil, com apoio da Divisão de Inteligência da Polícia Penal do Espírito Santo (PPES) e de policiais de outros estados, identificou sua verdadeira identidade.
Ao ser confrontado, confessou o nome real e admitiu ser foragido do sistema prisional de Cuiabá, no Mato Grosso, com mandado de prisão em aberto expedido pela 2ª Vara Criminal local, pelos crimes de homicídio e roubo.
O homem foi ouvido e durante audiência de custódia chegou a assinar documentos oficiais com o nome falso.
O delegado Felipe Augusto Cavalcanti Mariano, titular da DP de Boa Esperança, classificou o crime como hediondo e disse que o suspeito foi indiciado e responderá por feminicídio, adulteração de sinal identificador de veículo e falsidade ideológica, pois, durante a audiência de custódia, assinou documentos oficiais com o nome falso, ocultando sua verdadeira identidade e a existência de mandado de prisão contra ele.
“Diante da hediondez e da abjeção do crime de feminicídio, reafirmo, em nome da Polícia Civil do Espírito Santo, nosso inabalável compromisso no combate a essa atrocidade. Que este caso sirva de alerta: o Espírito Santo não é solo para a impunidade. Foragidos da Justiça de qualquer parte do país que busquem refúgio em terras capixabas serão alcançados por nossa diligência e pelo rigor da lei”, destacou o delegado Mariano.