
A história das monarquias é marcada por uma busca obsessiva pela pureza do sangue. Essa obsessão, porém, teve consequências biológicas devastadoras. Três figuras reais, separadas por milênios e continentes, tornaram-se exemplos trágicos dos efeitos extremos da consanguinidade.
Tutancâmon, o Faraó Menino do Egito Antigo, governou por volta de 1332 a.C. Sua linhagem era um emaranhado de laços familiares estreitos. Acredita-se que seu pai, Aquenáton, casou-se com uma de suas próprias irmãs. O próprio Tutancâmon seguiu esse padrão, desposando sua meia-irmã. Essa prática constante deixou marcas profundas.
Análises de sua múmia, encontrada em 1922, revelaram um corpo frágil. Ele sofria de escoliose severa, uma curvatura anormal da coluna vertebral que afetava sua postura e mobilidade.

O rei Carlos II da Espanha, que governou a partir de 1665, nasceu tragicamente com uma série de deformidades
Além disso, tinha pé torto congênito e fenda palatina. Uma doença degenerativa consumia os ossos de seu pé esquerdo. Dois fetos mumificados encontrados em seu túmulo sugerem as dificuldades reprodutivas resultantes dessa união entre irmãos. Tutancâmon morreu jovem, aos 19 anos.
Séculos depois, na Europa, a Casa de Habsburgo dominava vastos territórios. Seu lema, “Bella gerant alii, tu felix Austria nube” (“Deixem os outros guerrearem; tu, feliz Áustria, casa-te”), refletia a estratégia de expansão via casamentos. Mas esses casamentos eram frequentemente entre parentes muito próximos.
Carlos II da Espanha, nascido em 1661, foi um produto extremo dessa política. Seus pais eram tio e sobrinha. Sua avó também era sua tia. O resultado físico foi notório e deu nome a uma condição: o “queixo Habsburgo”, uma mandíbula inferior extremamente proeminente que dificultava a fala e a mastigação.
Carlos II sofreu graves atrasos de desenvolvimento. Tinha epilepsia. Relatos da autópsia realizada após sua morte, aos 38 anos, descrevem um coração minúsculo (comparado a um grão de pimenta) e um testículo atrofiado e escurecido. Ele não deixou herdeiros, encerrando a linhagem espanhola dos Habsburgos.
Seu parente distante, Fernando I da Áustria, nascido em 1793, enfrentou destinos diferentes apesar de origens similares. Seus pais eram primos em primeiro grau, compartilhando todos os avós. Fernando também se casou com uma prima distante.

ScreenshotO imperador austríaco Fernando I sofria de epilepsia, entre outras condições
Ele veio ao mundo com hidrocefalia, um acúmulo de líquido no cérebro que lhe conferiu uma cabeça excepcionalmente grande. Como Carlos II, ele sofria de epilepsia, tendo supostamente uma crise durante seu próprio casamento. Sua fala era dificultosa e sua capacidade intelectual, limitada.
Apesar das severas limitações físicas e cognitivas, Fernando I surpreendentemente viveu até os 82 anos, morrendo em 1875. Seu reinado foi marcado pela necessidade de regentes que governassem em seu nome.
As histórias de Tutancâmon, Carlos II e Fernando I são mais do que curiosidades mórbidas. Elas oferecem uma janela biológica para um tempo em que a preservação do poder dentro de uma família fechada era priorizada acima da saúde e do bem-estar dos próprios herdeiros.
As deformidades ósseas, as doenças neurológicas e as falhas reprodutivas encontradas nesses governantes são testemunhas silenciosas, porém eloquentes, do custo humano da endogamia extrema praticada nas cortes reais ao longo da história. Os palácios guardavam segredos escritos não apenas em pergaminhos, mas também nos próprios corpos de seus monarcas.
Esse Três das pessoas mais endogâmicas da história sofreram com essas condições chocantes foi publicado primeiro no Misterios do Mundo. Cópias não são autorizadas.