Carta do Leitor #03: Um amor não correspondido, várias dúvidas, muitas lágrimas e a única certeza que tenho: devo seguir em frente

Ivani Ribeiro
Foto: Produzida por I.A

A seção Carta do Leitor desta vez traz o relato de uma mulher que, por 20 anos, viveu uma história de amor intensa, marcada por encontros, despedidas e cheia de reviravoltas. Entre lágrimas, esperanças e decisões difíceis, ela compartilha um desabafo que revela como o tempo pode transformar sentimentos, mas nem sempre pode apagar marcas. Confira abaixo a íntegra da carta.

A Carta

De: Uma leitora apaixonada
Para: Acorda Cidade

Um amor não correspondido, várias dúvidas, muitas lágrimas e a única certeza que tenho: devo seguir em frente.

Venho contar a história de amor da minha vida. Uma história real. Em 2004, conheci um garoto na igreja católica. Passado um tempo, ele começou a me paquerar. Eu só achava graça, mas o tempo foi passando e, então, ele foi estudar no mesmo colégio que eu, mas em contraturno. Mais um pouco de tempo e fui trabalhar no mesmo turno em que ele estudava.

A essa altura, eu já sabia que gostava dele. Contei para as amigas, que logo contaram para ele. Não deu outra: começamos a namorar na escola. Ele sempre muito apaixonado, e eu também. Porém, com o passar do tempo, comecei a achar que éramos muito diferentes e que eu era muito nova. Então, decidi terminar. Na véspera do término chorei bastante, pois, apesar de achar que era o certo, também gostava muito dele. Mas mesmo assim terminei. Na hora de falar com ele, também chorei, mas mantive minha decisão.

Logo no início, ele me evitava e fazia cara feia. Com o tempo, ficamos amigos, e ele sempre demonstrava querer reatar. Eu, no entanto, achava que não gostava mais dele. Assim se passaram quase 10 anos, até que, na última vez em que me procurou, ele disse: “Eu mudei” — e me olhou fixamente. Eu não respondi nada.

Passados uns quatro meses, comecei a pensar nele constantemente. Tive a certeza de que era o homem da minha vida. Mesmo quando outros rapazes me paqueravam, não me interessava, pois só pensava nele. Resolvi procurá-lo.

Ao revelar minhas sinceras intenções, ouvi: “Ah, você está apaixonada? Depois de tanto tempo me rejeitando, achei que estivesse brincando comigo!” Respondi: “Brincando com uma coisa tão séria?!” Foi então que ele me disse, pela primeira vez: “Sinto muito, mas não quero namorar ninguém agora. Estou curtindo a vida, ficando com uma e com outra.”

Desesperei-me. Comecei a chorar e perguntei: “Você não disse que me amava?!” Ele respondeu: “Sim, mas agora não quero isso. Quero curtir a vida. Você é muito comportada para isso. Só se quiser ficar sem compromisso, sem se apegar.”

Quase um ano depois, fui atrás dele novamente. Ele topou sair comigo, mas, quando toquei no assunto, respondeu: “Não posso namorar agora, estou fazendo mestrado.” Eu retruquei: “Desde quando isso é impedimento?” Ele alegou: “Meu pai está doente.” Concordei em esperar, mas ele disse: “Não tenho interesse em namorar tão cedo. Desculpe.” Então encerrei: “Cuide da sua família e me esqueça.”

Agora, em agosto, faz quase 10 anos que fiquei “atrás dele”, o mesmo tempo que ele ficou querendo voltar comigo. Acredito que não há mais solução. Ele se envolveu com outra pessoa, tem um filho de 2 anos e, embora digam que é um casamento ruim, ele está lá porque quer.

Em maio deste ano, procurei-o novamente. Ao tocar no assunto, ele respondeu: “Não posso. Tenho esposa e filho para cuidar. Acho que você deve procurar outra pessoa que cuide de você.” Chorei e disse que não queria vê-lo nunca mais, que ele foi a pior decepção da minha vida, o único arrependimento que tive, e que preferia não tê-lo conhecido.

Hoje, ainda estou só, mas tenho fé que logo Deus colocará alguém em minha vida e tirará esse homem do meu coração. Assim eu creio. Amém!

Ass.: Uma leitora apaixonada

Eu também quero!

Você tem alguma história interessante para nos contar? Essa é a sua chance de ver sua história publicada em nosso site, do jeitinho que você viveu e escreveu.

O tema é livre; a carta pode ser sobre uma história emocionante, engraçada, de superação, inspiradora, pitoresca ou até um desabafo. O que importa é que seja real e que seja sua.

Como participar

Basta você escrever a sua carta e enviá-la para o e-mail [email protected] e, no campo “Assunto”, coloque Carta do Leitor. Estamos te aguardando.

Você na redação

A “Carta do Leitor” do Acorda Cidade é inspirada na ferramenta textual de mesmo nome, que foi muito popular no auge dos jornais impressos. Esse modelo permitia que leitores emitissem opiniões sobre determinados assuntos por meio de uma carta enviada diretamente à redação do jornal.

Com a evolução das tecnologias, principalmente aquelas voltadas para a comunicação, a ação de “mandar uma carta” foi se tornando menos comum. No entanto, a essência do recurso ainda permanece viva. Por isso, o Acorda Cidade decidiu publicar histórias escritas pelos leitores, homenageando esse espaço como “Carta do Leitor”.

Gostou? leia aqui outras cartas

  • Carta do Leitor #01: cartas e e-mails encurtando distâncias
  • Carta do Leitor #02: um filho sem nome, uma mãe sem teto, um pai rico e ausente: 44 anos de dor e silêncio

Siga o Acorda Cidade no Google Notícias e receba os principais destaques do dia. Participe também dos nossos canais no WhatsApp e YouTube e do grupo no Telegram

Adicionar aos favoritos o Link permanente.