
Conservatório de Tatuí completa 71 anos neste mês
Há mais de 50 anos, o simples gesto de acender a luz da sala de percussão anuncia o início de novas histórias no Conservatório de Tatuí (SP). É como abrir as cortinas para um espetáculo diário que se renova a cada geração de alunos.
Quem ajuda a contar essa trajetória sempre se emociona ao lembrar de como tudo começou. O professor Javier Calvino, nascido no Uruguai, chegou ao Brasil em 1972 e, apenas dois anos depois, já dava aulas de percussão sinfônica na instituição.
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“Quando eu cheguei, comecei a trabalhar debaixo do porão. Tínhamos poucos instrumentos, mas o diretor prometeu que iria comprar mais. Assim demos início a tudo isso”, lembra o professor. Desde então, acompanhou de perto as transformações do Conservatório, que já formou milhares de músicos muitos deles hoje vivendo da arte em diferentes partes do mundo.
“A sala de aula não é só vir e aprender; é também saber como está o aluno que frequenta, perceber como está a família, os problemas que enfrentam, e assim poder ajudá-los a encontrar equilíbrio para superar as dificuldades. Isso não se aprende apenas nas aulas, mas sim com empatia, com o coração e com os sentimentos”, diz Javier.
Professor Javier Calvino, ministra aulas de percussão sinfônica na instituição
Reprodução/TV TEM
A história da musicista Mayara Rios também se confunde com a da escola. Ela iniciou os estudos em 2006 e, quase duas décadas depois, é cantora, pianista e professora. Portadora de uma deficiência visual, Mayara destaca que encontrou no Conservatório não apenas apoio para superar os desafios da profissão, mas também uma segunda casa.
“Quando cheguei aqui, só sabia que queria ser musicista, mas não tinha ideia de quão árduo seria esse caminho. Sabia que seria difícil por causa da minha condição, como pessoa com deficiência visual. Mas, graças ao acolhimento da instituição, consegui fazer um bom percurso. Percebo que há um aprendizado mútuo, quando você acolhe pessoas diversas e a instituição está preparada, todos ganham”, comenta.
Foi ali que conheceu Régis Bone, também músico, com quem é casada há dez anos. “A música foi o que nos guiou. Eu também sempre fui apaixonado por ela e foi através dela que nos conhecemos aqui no Conservatório”, diz o músico.
Reconhecido como o maior conservatório da América Latina, o Conservatório de Tatuí chega aos 71 anos celebrando não apenas o ensino musical, mas também os laços que constrói. Durante todo o mês de agosto, grupos artísticos formados por estudantes apresentam concertos ao lado de músicos convidados de várias partes do país, em uma programação que mistura ritmo, som e celebração.
Segundo a superintendente educacional Cláudia Freixedas, a agenda é pensada para valorizar tanto o público quanto os bolsistas que se dedicam à música. Entre professores, alunos e ex-alunos, prevalece o sentimento de orgulho por fazer parte de uma instituição que marcou e continua marcando gerações.
Maior conservatório da América Latina completa 71 anos com milhares de músicos formados
Reprodução/TV TEM
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