
*Artigo escrito por Dyego Frasson, advogado empresarial, especialista em ambientes de negócios e operações de M&A, e membro do Comitê Qualificado de Conteúdo de ESG.
O contexto ESG — Ambiental, Social e Governança — deixou de ser apenas um compromisso ético para se tornar uma determinante do desempenho financeiro das organizações.
Ao integrar variáveis ambientais e sociais aos seus modelos de negócio, as empresas fortalecem a geração de valor econômico, reduzem riscos e ampliam sua atratividade perante o mercado financeiro, contribuindo diretamente para a maximização do valor de mercado.
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Agenda ESG
A agenda ESG passou a ser parte central da estratégia financeira corporativa. Companhias que adotam critérios sustentáveis obtêm acesso a capital mais barato, ampliam suas bases de investidores e minimizam a exposição a riscos operacionais e reputacionais.
No setor financeiro, bancos já estruturaram linhas de crédito específicas voltadas a projetos verdes, como o financiamento de energia solar, agricultura regenerativa e práticas de baixo carbono.
No Espírito Santo
No Espírito Santo, o Banestes tem se destacado com iniciativas de crédito verde, promovendo programas que incentivam pequenas e médias empresas a adotarem práticas sustentáveis.
Entre os projetos apoiados estão o financiamento para aquisição de painéis fotovoltaicos, melhorias em gestão hídrica e iniciativas de economia circular. Essa iniciativa regional reforça a convergência entre desenvolvimento econômico e responsabilidade ambiental.
Estudos demonstram que empresas que alinham o ESG às suas materialidades setoriais apresentam melhor desempenho financeiro. O relatório “023 Global Investor Survey” da PwC, aponta que 79% dos investidores já utilizam critérios ESG como base decisiva para alocação de capital.
Assim, a sustentabilidade passa a ser um sinal concreto de boa governança e não mais uma escolha voluntária ou meramente reputacional.
Na Europa e no Brasil
No cenário regulatório europeu, a Diretiva CSRD exige, desde 2024, que mais de 50 mil empresas reportem, de forma padronizada, suas práticas de sustentabilidade.
Essa norma substitui a NFRD (Diretiva de Relatórios Não Financeiros) e exige aderência aos padrões ESRS (Normas Europeias de Relatórios de Sustentabilidade), com dados auditáveis e alinhados às demonstrações financeiras.
No Brasil, a Resolução CVM nº 193/2023 adota os padrões do ISSB (International Sustainability Standards Board), alinhando as companhias nacionais aos modelos IFRS (Normas Internacionais de Relatório Financeiro) S1 e S2, voltados à gestão de riscos climáticos e ambientais.
Práticas de ESG
Para gerar valor tangível, o ESG precisa estar plenamente integrado à gestão financeira. Isso inclui: (i) redução do custo de capital — empresas sustentáveis são vistas como menos arriscadas; (ii) acesso facilitado a funding verde, com ampliação de instrumentos como green bonds e sustainability-linked loans; (iii) valuation premium, refletido em múltiplos de mercado mais altos; (iv) maior resiliência durante choques macroeconômicos e crises climáticas.
Portanto, práticas ESG robustas deixaram de ser apenas diferenciais competitivos e tornaram-se ativos intangíveis de alto impacto financeiro. A financeirização da sustentabilidade exige que o ESG esteja no centro das decisões estratégicas — da formulação orçamentária à política de remuneração de executivos.
Investir em ESG é, em última instância, investir na longevidade econômica, reputacional e ambiental das organizações.
Este texto expressa a opinião do autor e não traduz, necessariamente, a opinião do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Espírito Santo.