Prisão de mandante de chacina na Amazônia abre nova linha de investigação policial


Delegado-geral da Polícia Civil do Amapá fala sobre chacina na divisa com o Pará
As investigações policiais entraram em uma nova fase após a prisão neste sábado (16) em Samambaia (DF) do garimpeiro José Edno Alves de Oliveira, conhecido como ‘Marujo’, suspeito de ser o mandante da chacina que matou oito homens na divisa entre o Amapá e Pará.
Durante coletiva de imprensa nesta segunda-feira (18) o delegado-Geral da Polícia Civil do Amapá, Cezar Vieira, disse que novas linhas da investigação estão sendo levadas em consideração, com duas possibilidades.
“Não se trabalha apenas com hipóteses. Temos outras linhas de investigação, e qualquer informação relevante pode mudar o rumo do caso”, explicou o delegado.
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Perícia do local da chacina foi realizado pela Polícia Científica
Polícia Civil/Divulgação
A primeira possibilidade, divulgada inicialmente pela Polícia Civil do Amapá, diz que os homens teriam sido confundidos com assaltantes. A segunda é de que a chacina tenha acontecido devido a uma disputa por terras. Segundo o delegado, não há informações concretas sobre a motivação.
Marujo foi localizado em uma área onde tentava se esconder após o decreto de prisão preventiva. Ele é garimpeiro e morador da região de Laranjal do Jari, com atuação em garimpos ilegais na divisa com o Pará.
“Com a captura desse acusado, a investigação toma outro rumo. Os desdobramentos dessa fase vão elucidar muitos pontos que ainda estavam pendentes. A Polícia Civil do Amapá passa a ter uma informação muito valiosa para avançar e concretizar a elucidação total desse crime grave”, completou.
Polícia Civil abre novas linhas de investigação sobre caso de chacina na Amazônia
Polícia Civil/Divulgação
Durante coletiva, delegado geral Cezar Vieira disse que novas linhas de investigação estão sendo tomadas
Isadora Pereira/g1
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Segundo a polícia, o local onde ele foi encontrado não era sua residência habitual, mas um esconderijo usado para evitar a prisão. Durante a operação, foram apreendidos celulares e um veículo que pode ter sido usado na execução do crime. O carro será levado ao Amapá para perícia.
Novas imagens divulgadas mostram polícia realizando perícia do local onde ocorreu a chacina
Polícia Civil/Divulgação
Audiência de custódia
Após a prisão, Marujo foi submetido à audiência de custódia. O juiz manteve a prisão preventiva, e a Polícia Civil iniciou os procedimentos para transferi-lo ao estado do Amapá, onde será interrogado.
“Na audiência de custódia, ele se manteve em silêncio, acompanhado por advogado. Essa audiência trata apenas da legalidade da prisão, e todos os questionamentos foram respondidos com silêncio”, explicou Cézar.
Outra pessoa que estava no local foi conduzida para prestar esclarecimentos, mas foi liberada após ser ouvida. Segundo a polícia, ela não tinha relação direta com o crime e estava apenas presente no momento da abordagem.
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Polícia Civil de Goiás/Divulgação
Além de Marujo, outros sete suspeitos de envolvimento no crime foram presos e passaram por audiência de custódia. Entre eles, cinco policiais militares, um guarda civil e um garimpeiro. Eles seguem detidos, à disposição da Justiça e das equipes de investigação.
“Essa etapa é importante porque vai nos esclarecer muitas circunstâncias dentro do inquérito. Precisamos saber efetivamente se são apenas essas pessoas envolvidas ou se há mais suspeitos”, completou.
Marujo já responde a processos na Justiça Federal por envolvimento com garimpo ilegal. A área onde ele atuava pertencia a outra pessoa e estava em negociação. O mandado de prisão preventiva foi expedido pela Justiça do Amapá e está diretamente relacionado à chacina.
As ações estão sendo realizadas em conjunto com forças de segurança do Amapá e de Goiás.
Veja quem são os suspeitos da chacina apontados pela polícia:
Douglas Vital Carvalho Costa – sargento da Polícia Militar
Matheus Cardoso de Souza – soldado da Polícia Militar
José Paulo Pinheiro da Silva Júnior – soldado da Polícia Militar
Iago Jardim Fonseca – soldado da Polícia Militar
Emerson Freitas dos Passos – soldado da Polícia Militar
Franck Alves do Nascimento – guarda civil de Laranjal do Jari
Benedito Rodrigues Nascimento – garimpeiro
José Edno Alves de Oliveira, conhecido como “Marujo” – apontado como mandante
Policiais são presos suspeitos de envolvimento em chacina na Amazônia
Rafael Aleixo/g1
Relembre o caso
Um grupo de nove garimpeiros foi atacado enquanto negociava terras em área de garimpo ilegal na divisa com o Pará. Oito morreram e um foi resgatado com vida. A polícia acredita que eles foram confundidos com assaltantes que atuaram na região dias antes.
Perícia foi realizada no local da chacina
Polícia Civil/Divulgação
As informações preliminares apontam que um grupo de assaltantes estava agindo na região para roubar ouro, o que teria provocado a reação dos suspeitos da chacina.
Os corpos foram encontrados em pontos distintos da mata e do rio Jari. Duas caminhonetes usadas pelo grupo foram incendiadas.
As vítimas foram identificadas como:
Antônio Paulo da Silva Santos, conhecido como “Toninho” – 61 anos, natural de Cedro – MA.
Dhony Dalton Clotilde Neres, conhecido como “Bofinho” – 35 anos, natural de Itaituba – PA. Era garimpeiro e praticava a atividade legalmente no município de Calçoene;
Elison Pereira de Aquino, conhecido como “Dinho” – 23 anos, natural de Laranjal do Jari – AP, atuava com transporte de combustível para o garimpo. Vítima deixou a esposa grávida. Corpo foi velado e sepultado no sul do Amapá;
Gustavo Gomes Pereira, conhecido como “Gustavinho” – 30 anos, natural de Ourilândia do Norte – PA. Segundo informações, morava em um condomínio em Macapá, era casado e pai de um bebê de 1 ano. Ele estaria no local como visitante e não possuía vínculo com atividades no garimpo;
Janio Carvalho de Castro, conhecido como “Jane”, natural de Bom Jesus do Tocantins – PA. Era garimpeiro e praticava a atividade legalmente no município de Calçoene;
José Nilson de Moura, conhecido como “Zé doido” – 38 anos, natural de Lagoa da Pedra – MA;
Luciclei Caldas Duarte, conhecido como “Tripa” – 39 anos, natural de Laranjal do Jari – AP. Era piloto da voadeira utilizada pelo grupo;
Paulo Felipe Galvão Dias, 30 anos, natural de Capitão Poço – PA.
Polícia identifica 8 mortos na divisa do Amapá com o Pará
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