A Eldorado Brasil Celulose encerrou o segundo trimestre de 2025 com lucro líquido de R$ 751 milhões, alta de 64% frente ao trimestre anterior. O resultado marca o primeiro balanço após a J&F, holding dos irmãos Joesley e Wesley Batista, assumir 100% do controle da companhia com a compra da fatia de 49,41% da Paper Excellence, encerrando uma disputa societária iniciada em 2017.
O fim do litígio eliminou incertezas jurídicas e abriu caminho para a reestruturação financeira, embora a dívida líquida tenha atingido R$ 14,9 bilhões, reflexo da emissão de R$ 13 bilhões em notas comerciais para financiar a aquisição. A alavancagem saltou para 4,68 vezes o Ebitda, contra 0,15x no trimestre anterior. A meta da empresa é reduzir esse índice para entre 2,5x e 3,5x nos próximos trimestres, alongando prazos e diminuindo o custo médio da dívida em dólar, atualmente em 6,7% ao ano.
No período, a receita líquida recuou 10%, para R$ 1,45 bilhão, impactada pela queda de 5% no volume de vendas de celulose e pela desvalorização de 3% do dólar frente ao real. Ainda assim, a companhia manteve margens sólidas: o Ebitda ajustado somou R$ 811 milhões, com margem de 56%, sustentado por ganhos de eficiência e controle de custos. O preço médio da celulose avançou 1% em dólar (US$ 568/ton), compensando parcialmente o menor ritmo da demanda global.
O lucro também foi impulsionado por fatores financeiros: a empresa registrou R$ 256 milhões em receitas com hedge cambial e swaps, além de R$ 194 milhões em variação cambial positiva. Custos não recorrentes ligados ao litígio, somando R$ 264 milhões, foram excluídos do Ebitda ajustado para não distorcer a análise operacional.
A disputa entre J&F e Paper Excellence começou em 2017, quando a holding brasileira acertou a venda da Eldorado por R$ 15 bilhões. A canadense chegou a adquirir 49,41% das ações, mas o negócio travou no ano seguinte, gerando uma batalha judicial e arbitral que só foi encerrada com a recompra da participação em 2025.
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