Capital humano como diferencial competitivo no Espírito Santo

Enseada do Suá Praia Curva da Jurema e Guarderia
Foto: Thiago Soares/Folha Vitória

*Artigo escrito por Nadia Moreira, professora, coordenadora do Programa Acadêmico de Pós-Graduação da Fucape e membro do Comitê Qualificado de Conteúdo de Inovação e Tecnologia do Ibef-ES.

O capital humano é a base do crescimento econômico e da inovação. Mais que diplomas, ele representa competências técnicas, habilidades interpessoais e experiência prática. Em um mercado cada vez mais dinâmico, a capacidade de aprender, adaptar-se e colaborar tornou-se diferencial estratégico.

Empresas com equipes bem treinadas e motivadas são mais produtivas, reduzem retrabalho e antecipam tendências.

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Espírito Santo

Esse cenário é particularmente relevante no Espírito Santo, onde setores de ponta demandam mão de obra qualificada em automação, TI e gestão. Por isso, investir em capacitação contínua e em ambientes educacionais conectados ao setor privado é essencial para reter talentos, atrair investimentos e manter o desenvolvimento sustentável.

E o estado já apresenta resultados concretos. O Espírito Santo destaca-se pela qualidade de seu capital humano: liderou o IDEB 2023 no Ensino Médio, com nota acima da média nacional, e apresenta bom desempenho em todas as etapas da educação.

Em 2024, o Estado registrou taxa de desocupação de 3,9%, a menor desde 2012. O Programa Qualificar ES segue como pilar central, oferecendo cursos gratuitos e reforçando competências alinhadas ao mercado.

No entanto, nem todos os indicadores são positivos. O Estado enfrenta desafios estruturais: segundo o IAN-Findes 2024, o eixo Capital Humano obteve 5,03 pontos (escala de 1 a 10), abaixo de Infraestrutura (5,97) e Gestão Pública (5,68).

Conforme o Censo 2022, apenas 18,2% dos maiores de 25 anos têm diploma superior, e 26,2% não concluíram o ensino fundamental, o que limita o contingente de profissionais qualificados.

Disparidades regionais

Esses desafios tornam-se ainda mais evidentes ao se observar as disparidades regionais. De acordo com o Indicador de Ambiente de Negócios (IAN – Findes) de 2024, muitos municípios do interior registram médias inferiores a 5 pontos no eixo de Capital Humano, em contraste com os 7,83 pontos de Vitória.

Isso dificulta a atração de investimentos fora da Grande Vitória e acentua o êxodo interno. A transformação digital amplia a lacuna de competências: no 2º trimestre de 2024, a desocupação entre quem tem ensino médio incompleto no Brasil foi de 10,8%, mais que o triplo do índice entre quem concluiu o ensino superior (3,2%), evidenciando a urgência por políticas de requalificação e foco em habilidades digitais.

Diante desse panorama, fortalecer o capital humano no Espírito Santo exige alinhamento entre setor público e privado, com foco em dados, qualificação contínua e programas no interior.

É preciso que o Estado ofereça incentivos às empresas para capacitação local, e que as empresas reforcem a formação técnica e estruturem trilhas de carreira.

Assim, o Espírito Santo não apenas avança em desenvolvimento sustentável, mas consolida o capital humano como seu maior diferencial competitivo.

Este texto expressa a opinião do autor e não traduz, necessariamente, a opinião do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Espírito Santo.

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