Quando o emprego sobra e a qualificação falta

carteira de trabalho digital
Carteira de trabalho digital. Foto: Bruno Peres/Agência Brasil

A queda na taxa de desemprego no Espírito Santo, que atingiu o patamar de 3,1% no segundo trimestre desse ano, o menor desde o início da série história em 2012, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), é uma notícia positiva, mas que merece uma análise mais cuidadosa. Afinal, há desafios estruturais que precisam ser enfrentados.

A população fora da força de trabalho, por exemplo, teve um aumento de 8% em relação ao mesmo período do ano passado.

Nesse grupo estão estudantes, pessoas que se dedicam às atividades domésticas e aos cuidados com parentes, pessoas incapacitadas por idade ou doença, e também aqueles que estão disponíveis para o trabalho, mas desistem de procurar por que não acreditam que vão conseguir uma oportunidade.

Aqui há uma questão crucial: os programas sociais, embora essenciais para combater a pobreza, também têm contribuído para o aumento da população fora da força de trabalho. O tamanho desse impacto ainda não se sabe ao certo.

Fato é que programas como o Bolsa Família não podem se tornar um desestímulo à busca por trabalho.

Dados recentes do Caged, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, mostra que em 27 cidades capixabas, o número de beneficiários do Bolsa Família supera o de trabalhadores com carteira assinada, sem considerar o setor público.

Parece evidente que os programas sociais precisam ser reformulados e condicionar os benefícios a metas que incentivem não só a inserção no mercado de trabalho, mas a qualificação.

Por outro lado, está posta a dificuldade crescente das empresas em encontrar profissionais mais capacitados, o que representa um sintoma claro de que o sistema educacional e de formação profissional não acompanha o dinamismo do setor produtivo.

O crescimento sustentável depende desse alinhamento de olho nas demandas do presente e do futuro e, também, do redesenho das redes de proteção social para que estimulem, de forma eficaz, a ascensão econômica.

A queda do desemprego é positiva, mas o mercado de trabalho exige um olhar crítico e ações concretas.

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