Pesquisa revela as principais drogas usadas por estudantes do ES; veja lista

Jovem usuário de drogas
Foto: Canva

Um estudo feito com adolescentes matriculados em escolas públicas e privadas da região metropolitana de Vitória revelou um cenário preocupante: dois a cada 10 estudantes já experimentaram algum tipo de droga — lícita ou ilícita.

As respostas foram positivas para diversas substâncias como álcool, cigarro, cigarro eletrônico, maconha, cocaína e LSD. Medicamentos para emagrecer e estimulantes também entraram para a lista.

Os dados, divulgados nesta terça-feira (26), foram coletados entre março e dezembro de 2023, em 63 instituições de Cariacica, Fundão, Guarapari, Serra, Vitória, Vila Velha e Viana. Ao todo, foram ouvidos 4.600 alunos, entre 14 e 19 anos.

Segundo a doutora em Epidemiologia, professora da Ufes e responsável pela pesquisa, Franciéle Marabotti, a adolescência é uma fase complexa e que envolve diversas questões que podem aumentar a vulnerabilidade e a exposição às drogas.

Temos que entender que a adolescência é uma fase onde esse sujeito tem muitas transformações hormonais, transformações físicas e emocionais. É um momento onde geralmente ele vai buscar a sua identidade, a sua independência e se enturmar com seu grupo de amigos, o que o torna mais vulnerável.”

Professora Franciéle Marabotti

Entre outros aspectos, a pesquisa considerou com quais drogas os adolescentes tiveram contato, quando fizeram o primeiro uso e onde a obtiveram. Entre os motivos apontados para o consumo estão a busca por diversão e redução do estresse.

A pesquisa foi realizada pela Rede Abraço, em parceria com o Laboratório de Estudos sobre Violência, Saúde e Acidentes da Universidade Federal do Espírito Santo (LAVISA) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Espírito Santo (Fapes).

Fonte: Rede Abraço; Fapes e Lavisa/Ufes.

Diferenças entre escolas públicas e privadas

As escolas onde aconteceram as pesquisas foram divididas em três categorias: privadas, públicas e públicas onde há o projeto Estado Presente. De acordo com os levantamentos, há uma diferença entre o tipo de droga consumido entre alunos das diferentes categorias.

Marabotti explica que entre os estudantes de escola pública as drogas mais citadas foram maconha e cigarro convencional. Já nas escolas privadas, a prevalência foi do Narguilé, do cigarro eletrônico e dos medicamentos sem prescrição.

Fonte: Rede Abraço; Fapes e Lavisa/Ufes.

Futuro e perfil socioeconômico

O estudo considerou também os interesses acadêmicos e a situação socioeconômica dos entrevistados. Ao todo, 36,2% dos estudantes de escolas particulares aspiram o doutorado, 26,5% nas escolas públicas e 17,3% nas escolas públicas com Estado Presente.

Já sobre o mercado de trabalho, 34% dos alunos de escolas públicas já trabalham contra 15,9% nas escolas privadas.

“A classe econômica e o poder de compra estão associados com o tipo de droga que o adolescente vai ter acesso e até com as condições para manter esse consumo contínuo na vida”, completou Marabotti.

Prevalência é maior entre adolescentes do sexo feminino

Outro dado extraído da pesquisa é que alunas do sexo feminino apresentaram maior incidência no uso de drogas de diferentes categorias.

Sobre o uso do cigarro, por exemplo, em torno de 19% de alunas do sexo feminino e 17% dos alunos do sexo masculino afirmaram já terem experimentado.

“Dos estudantes, 46% disseram que a primeira vez que eles experimentaram cigarro tinham entre 11 e 14 anos. Aqueles que ainda utilizam são, aproximadamente, 4%”, completou Marabotti.

As alunas também são predominantes no uso de medicamentos ou estimulantes para emagrecer. Pela pesquisa, 12% das meninas já fizeram uso, entre os meninos esse percentual foi de 6%.

90% já tiveram contato com campanhas antidrogas

Franciéle Marabotti apresentou a pesquisa realizada nas escolas (Imagem: Redação Folha Vitória

Ainda de acordo com os dados, 90% dos estudantes que participaram da pesquisa tiveram acesso a algum tipo de campanha antidrogas nas escolas, instituições religiosas ou em casa. Entretanto, ao serem questionados sobre onde buscariam informações sobre o assunto, responderam que a internet seria a principal fonte.

Para o subsecretário de Estado de Políticas sobre Drogas e coordenador do Programa Rede Abraço, Carlos Lopes, falar sobre estes dados é essencial para ampliar e direcionar os esforços relacionados ao uso de drogas por adolescentes.

A pesquisa vem no sentido de nos dar um diagnóstico mais preciso de como os adolescentes aqui no Estado, especialmente na Grande Vitória, estão lidando com essa que envolve o uso de álcool e outras drogas. Com isso, vamos conseguir formular políticas públicas, especialmente no campo da prevenção, mais assertivas.”

Carlos Lopes, subsecretário de Estado de Políticas sobre Drogas

O estudo completo pode ser acessado no site da Rede Abraço.

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