Automação com IA e robótica está presente em 29% da indústria de alimentos e bebidas

O cenário atual da indústria de alimentos e bebidas no Brasil revela que a adoção da inteligência artificial ainda é limitada. Mesmo assim, 29,17% das empresas do setor já utilizam algum tipo de tecnologia baseada em IA ou robótica, e esse número vem crescendo.

As informações fazem parte de uma pesquisa de mercado realizada pela Food Connection em parceria com a FISPAL Tecnologia. O levantamento ouviu 146 profissionais da área para mapear o uso da IA no setor e identificar os principais desafios e oportunidades.

Entre os obstáculos apontados estão as limitações financeiras, sobretudo entre micro e pequenas empresas, que representam mais de 70% do setor. Apesar disso, especialistas avaliam que há espaço para expansão, com a popularização de soluções mais acessíveis.

Estudo aponta desafios na adoção de tecnologias

A tecnologia no setor de alimentos e bebidas tem passado por mudanças nos últimos anos. Por lidar diretamente com produtos destinados ao consumidor final, a busca por maior produtividade e eficiência continua sendo uma das prioridades do segmento.

Mesmo com sinais de avanço, a adoção da automação em larga escala ainda enfrenta obstáculos. De acordo com o levantamento, o assunto já faz parte da agenda da maioria das empresas, mas esbarra em barreiras estruturais e de capacitação.

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Uma das principais dificuldades está relacionada à capacitação. Dos entrevistados, 31% disseram não saber quais competências serão mais relevantes para acompanhar o desenvolvimento da inteligência artificial nos próximos anos.

Entre os que apontaram respostas, habilidades como interpretação de dados, tomada de decisões e flexibilidade diante de mudanças foram as mais citadas. Isso tem impulsionado a demanda por mão de obra com conhecimentos mais alinhados às exigências tecnológicas da indústria.

Expectativa de avanço, mas com investimentos limitados

A pesquisa também investigou os valores que as empresas planejam investir em IA nos próximos dois a três anos. Cerca de 38% das companhias indicaram intenção de aplicar até R$ 100 mil, faixa considerada modesta, mas frequente entre os respondentes.

Outras 30% esperam investir entre R$ 100 mil e R$ 1 milhão, enquanto somente 12% projetam aportes superiores a R$ 1 milhão em soluções automatizadas. Já 18% das empresas informaram não possuir qualquer plano voltado para esse tipo de inovação.

Os autores do estudo explicam que o perfil formado por micro e pequenas empresas ajuda a entender esse cenário. Com recursos mais restritos, essas organizações acabam priorizando investimentos pontuais e estratégicos.

Benefícios do uso de IA na indústria

A adoção de tecnologias de automação na produção de alimentos e bebidas tem impactado diversas etapas da cadeia produtiva. Entre os principais benefícios estão:

Automação de processos: na fabricação de refrigerantes, por exemplo, sistemas de IA controlam o enchimento e o empacotamento das garrafas em alta velocidade, reduzindo falhas humanas e aumentando a produtividade.

Controle de qualidade: empresas como a Nestlé, por exemplo, utilizam câmeras com inteligência artificial para identificar defeitos em chocolates e embalagens, garantindo padrões rigorosos de segurança e aparência dos produtos.

Previsão de demanda: plataformas de IA analisam dados de vendas, clima e comportamento do consumidor para que empresas ajustem seus estoques de alimentos frescos e evitem desperdícios.

Desenvolvimento de produtos: a Danone usa algoritmos de inteligência artificial para cruzar o perfil dos consumidores e dados nutricionais, acelerando a criação de novos iogurtes voltados a públicos específicos, como intolerantes à lactose.

Perspectivas indicam evolução gradual

Mesmo com os entraves financeiros e estruturais, há uma movimentação no setor em direção à transformação digital. A presença crescente da inteligência artificial nas operações sugere um caminho consistente para ganhos em produtividade.

A qualificação de profissionais e o acesso a soluções tecnológicas seguem como os principais obstáculos. Muitas empresas ainda enfrentam incertezas sobre quais competências priorizar e relatam dificuldades na adoção de ferramentas digitais.

De modo geral, a expectativa é que a modernização ocorra de forma contínua, acompanhando as mudanças no comportamento do consumidor e nas exigências da cadeia produtiva.

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