A Mostra Feminina de Hip Hop, um evento itinerante, desembarcou no Rio Grande do Sul neste mês de agosto, com atividades realizadas nos dias 2, 6, 8 e 9. A programação começou na Casa de Cultura Mario Quintana e encerrou no sábado (9), no Museu da Cultura Hip Hop do RS, em Porto Alegre. Ao longo dos quatro dias, o público pôde participar de shows, bate-papos, oficinas, exibição de documentários sobre mulheres no Hip Hop e conversas com cineastas e artistas.

A iniciativa surgiu da ideia de criar um espaço para o lançamento e exibição do documentário L.I.C.A.: A Rima Feminina pelo Mundo, da rapper Lica Tito, uma das fundadoras do grupo La Bella Máfia e idealizadora da mostra. A programação também incluiu oficinas práticas de graffiti, com Bina; breaking, com a B-Girl Cami; MC, com Tia Crazy & Nathy MC; além de uma oficina de DJ online e presencial ministrada por DJ Anazú.
O encerramento, no sábado (9), reuniu no Museu da Cultura Hip Hop do RS uma série de atrações: sets de DJs, oficina sobre a história do Hip Hop com Rubia RPW – pioneira do movimento no Brasil – e shows de Negra Jaque, MC Bart e Mikaa. Houve ainda apresentações das oficinas de MC, DJ, graffiti e breaking, com pintura ao vivo e performances no palco.

Para Luana Damasceno, da coordenação da mostra, o evento foi um espaço de intercâmbio entre artistas de diferentes regiões do Brasil. “Fazer esse elo entre São Paulo e Rio Grande do Sul é muito legal pra gente. A gente sai daqui com um sentimento de gratidão pelo pessoal do Sul. E que eles continuem a caminhada, né? Isso aqui é só um começo para as mulheres que estão aí dentro dessa arte”, destacou.

A MC e ativista Rubia RPW ressaltou a relevância da programação. “É uma atividade extremamente importante pra cultura Hip Hop toda, pra conhecer, pra resgatar memórias, pra trazer o protagonismo e dar a visibilidade para essas mulheres que construíram o Hip Hop desde a década de 1980 e que continuam nessa construção”, comentou.

DJ Anazú, que participou como artista e oficineira, destacou a importância de espaços onde as mulheres sejam protagonistas: “Estar nesse espaço é extremamente importante porque a gente vê essas mulheres deixando de ser invisibilizadas. As meninas estão aí desde que o Hip Hop é Hip Hop. Mesmo assim, até hoje, precisamos de movimentos que puxem essas mulheres pra cima. É um sentimento de felicidade conhecer e conectar com outras mulheres de São Paulo e de todo o Rio Grande do Sul. Primeira vez que faço parte dessa mostra, e está sendo muito especial”.



A rapper porto-alegrense Negra Jaque celebrou a oportunidade de mostrar narrativas femininas dentro do Hip Hop. “Eu tô falando de um lugar extremamente sagrado, que é o Museu do Hip Hop. Tenho o privilégio de estar recebendo essa mostra, que conta narrativas femininas dentro dessa cultura de mais de 50 anos. É muito feliz poder celebrar esse momento em um meio que muitas vezes é masculinizado.”


Para Rafa Rafuagi, idealizador do Museu da Cultura Hip Hop RS, receber a mostra é reafirmar o papel do espaço como lugar seguro e de visibilidade para as mulheres do movimento. “A exposição Hip Hop das Mulheres, que contou com mais de 100 mulheres do Rio Grande do Sul, celebra mais de 40 anos de atuação das mulheres no estado. Recebemos um evento autogestionado, que vai acontecer em todo o Brasil, e ficamos muito felizes em celebrar esse legado. O museu tem trabalhado para garantir que as mulheres tenham um lugar seguro, de fala e de ocupação de espaços dentro do Hip Hop.”


O evento foi realizado com recursos da Lei Aldir Blanc, por meio da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, Secretaria da Cultura e da PNAB+ Ministério da Cultura. Gratuita e aberta ao público, a mostra teve como objetivo fortalecer e dar visibilidade à atuação de mulheres – cisgêneras, pessoas trans e não-binárias – que constroem o Hip Hop em todos os seus elementos: graffiti, breaking, DJ e MC. Além disso, buscou convidar a comunidade a refletir e celebrar a força feminina no movimento.
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