A maior fabricante de navios militares dos Estados Unidos, a Huntington Ingalls Industries (HII), assinou um memorando de entendimento com a sul-coreana Hyundai Heavy Industries (HHI), em um movimento que pode ajudar a Marinha dos EUA a acelerar a construção de navios de guerra frente à crescente frota da China. O acordo foi firmado durante a feira de defesa Sea Air Space 2025, em Maryland.
Segundo o vice-presidente executivo da HII, Brian Blanchette, a parceria visa “explorar todas as oportunidades para expandir a capacidade de construção naval dos EUA”, compartilhando práticas e tecnologias para entregar navios com mais rapidez e qualidade. Ambas as empresas constroem destróieres Aegis, navios de guerra equipados para enfrentar ameaças de mísseis balísticos, especialmente da China e Coreia do Norte.
A Hyundai, que opera o maior estaleiro do mundo em Ulsan, na Coreia do Sul, produz cerca de 10% dos navios globais. Analistas vêm defendendo há anos a cooperação entre EUA, Coreia do Sul e Japão para enfrentar o ritmo acelerado da indústria naval chinesa. Os estaleiros chineses produzem navios de guerra em larga escala, tornando a Marinha do Exército de Libertação Popular a maior do mundo em número de embarcações.
Enquanto isso, os EUA enfrentam limitações de infraestrutura e escassez de mão de obra qualificada, o que desacelera sua capacidade de construção naval. O analista Carl Schuster, ex-capitão da Marinha dos EUA, vê o acordo como um “passo inicial forte” para aliviar essas limitações e destaca que leis americanas permitem que estaleiros estrangeiros façam reparos e manutenção, áreas com grande demanda e backlog.

Exemplo disso foi a revisão de sete meses feita pela Hanwha Ocean, outro estaleiro sul-coreano, no navio de apoio logístico USNS Wally Schirra, considerada uma conquista pelo almirante Neil Koprowski. O acordo com a Hyundai, no entanto, eleva a parceria a um novo patamar, com o objetivo de reforçar a capacidade de construção e a cooperação em defesa entre os dois países.
O executivo da Hyundai, Joo Wonho, destacou que a colaboração fortalece a aliança de segurança entre Coreia do Sul e EUA. O deputado sul-coreano Yu Yong-weon disse que o pacto representa “um novo modelo de ganha-ganha” e poderá contribuir diretamente para conter a influência da China na região Indo-Pacífico.
Além da produção, a cooperação pode beneficiar os EUA na formação de mão de obra. Schuster acredita que Hyundai e HII podem usar o acordo para treinar novos trabalhadores americanos, combatendo o déficit de profissionais especializados que limita a expansão dos estaleiros dos EUA.
Se, futuramente, a produção de navios de guerra americanos em território sul-coreano for autorizada por lei, o impacto pode ser ainda maior. Segundo Woo-man Jeong, da Hyundai, sua empresa tem capacidade para construir cinco ou mais destróieres Aegis por ano, número bem superior à média de dois dos estaleiros americanos.
O acordo entre HII e Hyundai ocorre após outro investimento estratégico sul-coreano: a aquisição do estaleiro Philly Shipyard pela Hanwha Ocean, que atua principalmente em navios comerciais, mas também realiza manutenção em embarcações governamentais. A colaboração entre EUA e Coreia do Sul em construção naval fortalece a segurança de ambos os países, segundo especialistas.
Para Bence Nemeth, da King’s College London, a cooperação permitirá à Marinha dos EUA aumentar sua disponibilidade de navios no curto prazo e acelerar a expansão da frota no médio prazo. Ele conclui que uma Marinha americana forte também é essencial para a segurança da Coreia do Sul, pois ajuda a dissuadir agressões da Coreia do Norte.
FONTE: CNN
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