Paraíba recebe 278 doses da vacina contra Mpox para pessoas com HIV/Aids e baixa imunidade

A Secretaria de Estado da Saúde da Paraíba (SES-PB) recebeu 278 doses da vacina contra a Mpox (antiga varíola dos macacos), direcionadas a pessoas vivendo com HIV/Aids com contagem de CD4 inferior a 200 — indicador de baixa imunidade e maior risco de complicações graves. A distribuição foi feita para os serviços de referência em João Pessoa, Campina Grande e Patos, e a aplicação será feita mediante cadastro prévio nos centros onde os pacientes já fazem acompanhamento.

Vacina contra a Mpox, que é uma doença viral transmitida pelo contato direto com pessoas infectadas | Imagem: SES-PB

A iniciativa segue diretrizes do Ministério da Saúde e busca proteger o grupo mais vulnerável. Em caso de expansão da disponibilidade de doses, o público poderá ser ampliado para usuários de PrEP (Profilaxia Pré-Exposição) e técnicos de laboratório que lidam com amostras do vírus Mpox.

Para o assistente social Carlos Nogueira*, que convive com HIV há mais de 10 anos, a notícia é um respiro. “A gente sabe o que é estar sempre à margem da prioridade. Essa vacina nos reconhece como sujeitos com direito à proteção”. Já Maria Antônia**, técnica de enfermagem ressalta: “Essa vacina é uma política de reparação. Não é favor, é saúde pública para quem mais precisa, principalmente para quem não tem condições de pagar”, comenta ela.

Como funciona a vacinação

De acordo com Márcia Fernandes, chefe do Núcleo de Imunização da SES-PB, o esquema vacinal é composto por duas doses de 0,5 ml, com intervalo de 28 dias entre elas. O público-alvo deve realizar o cadastro nos Centros de Referência, e a marcação será feita posteriormente pelas equipes locais.

Os locais e horários para vacinação são os seguintes:

1ª Macrorregião – João Pessoa

  • CRIE (Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais)
    Rua Carlos Gomes, 35 – Torre
    (83) 3255-8364 | Seg. a sex., 8h às 12h e 13h às 16h
  • SAE – Serviço de Assistência Especializada em HIV/Aids
    Rua Alberto de Brito, 411 – Jaguaribe
    (83) 3213-7795 | Seg. a sex., 7h às 16h30

2ª Macrorregião – Campina Grande

  • SAE
    Av. Floriano Peixoto, 1.877 – Jardim Tavares
    (83) 3077-0113 | Seg. a sex., 8h30 às 16h

3ª Macrorregião – Patos

  • SAE
    Rua Alto Casteliano, 1.352 – Bairro Maternidade
    (83) 99875-6127 | Seg., qua., qui., sex.: 7h às 13h; ter.: 7h às 11h e 13h às 17h

Dados da Mpox na Paraíba

Desde o primeiro caso registrado em 6 de abril de 2022, a Paraíba notificou 888 casos suspeitos, com 130 confirmações e nenhuma morte até agora. A maior parte dos casos foi em 2022 (109), seguidos por 2024 (19), 2023 (1) e 2025 (1).

Os casos confirmados se concentram em 12 municípios, sendo:

  • João Pessoa (94)
  • Cabedelo (13)
  • Campina Grande (8)
  • Bayeux (5)
  • Outros: Conde, Mari, Barra de São Miguel, Logradouro, Mamanguape, Manaíra, Patos e São Bento (1 ou 2 casos cada)

A maioria dos infectados são homens (84,6%), especialmente nas faixas etárias de 30 a 39 anos (35%) e 20 a 29 anos (25%).

O que é Mpox?

A Mpox é uma doença viral transmitida pelo contato direto com pessoas infectadas, secreções respiratórias, bolhas ou objetos contaminados. Os sintomas incluem febre, cansaço, calafrios, dores musculares, ínguas e feridas na pele. A recomendação é procurar uma unidade de saúde ao notar os sintomas e evitar contato físico com outras pessoas.

Dados sobre HIV e óbitos por Aids na Paraíba

Entre os anos de 2020 e 2024, a Paraíba registrou 4.047 novos casos de HIV, conforme dados oficiais da Secretaria de Estado da Saúde. No mesmo período, de acordo com o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), foram contabilizados 823 óbitos cuja causa básica foi Aids (CID10: B20 a B24), sendo a maioria entre pessoas com diagnóstico tardio ou sem adesão adequada ao tratamento.

Os municípios com maior número de mortes por Aids foram:

  • João Pessoa (251 óbitos)
  • Campina Grande (80)
  • Santa Rita (50)
  • Bayeux (27)
  • Pedras de Fogo e Sousa (19 cada)
  • Mamanguape (17)
  • Cabedelo e Patos (16 cada)
  • Guarabira (14)
  • Alhandra (12)

O coeficiente de mortalidade por Aids no estado, que era de 4,1 óbitos por 100 mil habitantes em 2020, caiu para 3,5 por 100 mil habitantes em 2024, o que indica uma leve melhora no enfrentamento da epidemia, embora os números ainda preocupem especialistas.

É fundamental distinguir o número de pessoas vivendo com HIV (soropositivas) dos óbitos causados pela Aids. Enquanto os primeiros se beneficiam do tratamento antirretroviral e acompanhamento médico, a progressão da doença para o estágio de Aids pode levar à morte quando não tratada corretamente.

Para dados atualizados e análises mais detalhadas sobre o cenário estadual, o Boletim Epidemiológico de HIV/Aids do Governo da Paraíba está disponível no site da Secretaria de Saúde do Estado.

HIV/Aids na Paraíba: assistência e prevenção

A Paraíba conta com uma rede estruturada para acolher e tratar pessoas vivendo com HIV/Aids. Os principais serviços incluem:

  • SAEs, com atendimento médico, psicológico, assistencial e farmacêutico
  • CRIE, para vacinação e suporte imunobiológico
  • CTA (Centros de Testagem e Aconselhamento), que oferecem testagem rápida para HIV, sífilis e hepatites
  • Casa de Apoio Sol Nascente, em João Pessoa, que acolhe pacientes em situação de vulnerabilidade social

A SES também desenvolve campanhas de educação em saúde e atua em parceria com movimentos sociais, como o Fórum de ONGs/Aids e a Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV.

* Nome Fictício

** Nome Fictício

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