Música popular e cinema documental fazem ponte cultural entre Brasil e Uruguai em Porto Alegre

Nesta sexta-feira (6), a música popular e o cinema documental se unem em Porto Alegre para construir uma ponte de cultura universal entre Brasil e Uruguai, com o evento Canções como Pontes – Documentários de ir a pé.

Os cineastas Mário de Almeida, de São Paulo (BR), e Guillermo Wood, de Montevidéu (UY), promovem encontros em que seus filmes, vivências e canções revelam o cotidiano das duas culturas, com exibições seguidas de debate e pocket show com o diretor uruguaio.

As películas Geada – 1975 (Almeida) e De Cara Antiga (Wood) serão exibidas a partir das 20h, na Terreira da Tribo, no 4º Distrito, zona norte da cidade. A entrada é feita a partir de colaboração espontânea e consciente.

Os filmes lançados em 2025, em certos aspectos, evidenciam as similaridades entre os trabalhos e interesses dos dois cineastas. As produções captam fragmentos de realidade em canções, conversas e estradas – sempre com o olhar atento em busca da poesia na cultura e no cotidiano popular dos interiores dos países que nasceram. “A ideia de exibir as duas produções criando uma conexão com o público e as temáticas abordadas surgiu a partir da vinda de Wood para o Brasil”, comentou a atriz e produtora da Terreira da Tribo Tânia Farias.

Documentários de ir a pé

Em De Cara Antiga, Guillermo Wood percorre regiões rurais do Uruguai e coleta cenas do cotidiano que, embora simples, revelam profundas camadas de identidade cultural. No filme, uma mulher conversa com um papagaio. Um homem dança com uma vassoura. Duas crianças praticam pilotagem de tanque. Uma pessoa faz piada, outra canta uma música, outra amarra uma corda em uma árvore. Eles se conhecem? A ternura é um território?

De Bella Unión a Aiguá, de Resorte em Tacuarembó para Tranqueras de trem. Cuñapirú, Ladeira da Pena, Sarandí de Arapey. Sotaques diferentes no mesmo pedaço de terra. Uma foto desconhecida de Gardel, um poema de Circe Maia, Nubel Cisneros. Pessoas que não conhecemos nos contam suas histórias ou qualquer outra. Gestos e silêncios como espelhos nos quais podemos nos enxergar. Um retrato feito de retratos e uma paisagem chamada Uruguai.

Geada – 1975

A obra trata da geada que devastou os cafezais do Paraná (PR) e Oeste Paulista (SP), uma das maiores catástrofes socioambientais do Brasil, que em 2025 completa 50 anos / Imagem: Divulgação

No documentário de curta-metragem, Mário de Almeida acompanha o violeiro Júlio Santin, de Irapuru, em um mergulho sensível no universo da canção que dá nome ao filme. A música é composta em parceria com a letrista Cristina Saraiva. A espinha dorsal da obra é a geada que devastou os cafezais do Paraná (PR) e Oeste Paulista (SP), uma das maiores catástrofes socioambientais do Brasil, que em 2025 completa 50 anos.

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Vidas cinematográficas

Guillermo Wood, nascido em Montevidéu em 1985, estuda literatura desde o início dos anos 2000 no atelier de Hugo Giovanetti e na Faculdade de Letras. Estudou violão com a professora Olga Pierri. Entre 2010 e 2012 participou da Revista Fango. Em 2012 se juntou ao grupo Buceo Invisible, do qual ainda faz parte. Lançou seis álbuns solo e realizou quatro exposições de fotografia. Em 2023, estreou o filme Pedales, no 41º Festival Internacional de Cinema do Uruguai. Em 2024, estreou seu segundo filme, De Cara Antiga, no 12º Festival Detour.

Mário de Almeida é documentarista, diretor, roteirista e produtor de São Paulo. Produz projetos de documentários de música e cultura popular, exibidos em festivais, canais de TV e plataformas digitais. Em 2018, lançou o primeiro longa-metragem, Viola Perpétua. Entre os trabalhos recentes destacam-se Levi Ramiro-violeiro e artesão e Mostra Reverbo, selecionado para o festival IN-Edit Brasil 2023. Em 2025, lança o documentário Geada – 1975.

Serviço

Canções como Pontes – Documentários de ir a pé
Com Guillermo Wood (Montevidéu-UY) e Mário de Almeida (São Paulo-BR)

Data: 6 de junho, sexta-feira

Horário: às 20h

Local: Terreira da Tribo, na Av. Pátria, 98, Bairro São Geraldo, Porto Alegre/RS

Entrada: Contribuição Consciente

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