Os dados são oxigênio para os negócios e sem eles as empresas não resistem

A frase “os dados são o novo petróleo dos negócios” já ficou no passado. Em 2025, a analogia não traduz a real dimensão do valor da informação. Já podemos afirmar que os dados são muito mais do que um artigo de alto valor. Eles são essenciais. Os dados estão mais para o ar que as empresas respiram, e sem eles não há futuro. A comparação é simples: empresas que não se estruturam, não governam nem utilizam os dados com inteligência tendem a perder competitividade, eficiência e conformidade.

Segundo estudo da consultoria IDC, o mundo alcançará mais de 175 zettabytes de dados até o fim deste ano. Para gerir uma companhia em um cenário tão digital e movido pela informação não há alternativa. É fundamental uma abordagem estratégica, pautada por governança, qualidade e acesso eficiente e seguro à informação.

Inteligência artificial (IA), machine learning (ML) e processamento de linguagem natural (PLN) chegaram para transformar a forma com que se estrutura a análise de dados. A tecnologia facilita a interpretação de grandes volumes de informações, identifica padrões, prevê comportamentos e oferece respostas rápidas às mudanças do mercado. Os processos se automatizam, se tornam mais eficientes e, portanto, necessários.

Um bom exemplo é a IA generativa, que continua avançando no Brasil, mas agora impulsionada pelo conceito de IA agêntica, agentes autônomos capazes de executar tarefas de forma independente. Esse movimento já se reflete nos investimentos das empresas. De acordo com a IDC, os gastos com projetos de IA e IA generativa no país, incluindo softwares e serviços, devem atingir US$ 2,4 bilhões até o fim de 2025, um crescimento de 30% em relação ao ano anterior.

Nesse cenário, a análise de borda (Edge Analytics) também se destaca como uma realidade pautada pela inovação em dados. O processamento dessas informações diretamente na origem, como em dispositivos IoT, reduz a latência e viabiliza decisões em tempo real, com alta eficiência. Diversas indústrias, como manufatura, saúde e transporte, já colhem ganhos com essa abordagem.

Outro avanço relevante que merece ser citado é a análise aumentada, que amplia o acesso aos dados ao permitir que profissionais de diversas áreas obtenham insights sem depender de conhecimentos técnicos especializados. Paralelamente, o modelo Data as a Service (DaaS) viabiliza o consumo de dados de diferentes fontes com mais rapidez, dispensando infraestrutura robusta interna. Assim, a governança de dados se torna um eixo cada vez central, que exige das organizações conformidade com legislações, como LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) e RGPD (Regulamentação Geral de Proteção de Dados), além de regras claras de acesso e de garantia da integridade da informação, apoiadas por processos estruturados e lideranças capacitadas.

São muitos os argumentos a favor dos dados e não é mera coincidência. A realidade mudou, e quem não se adaptar será rapidamente engolido pelos concorrentes. Até mesmo informações muitas vezes negligenciadas hoje são diferenciais para uma companhia. É o caso dos dados obscuros, uma grande quantidade de informações não estruturadas, não marcadas e inexploradas que as organizações frequentemente coletam, mas não utilizam. Esses dados, que podem incluir arquivos de log, interações com clientes e outras, representam uma fonte de valor inexplorado. Ao analisá-los, as empresas podem obter insights estratégicos para otimizar processos, compreender melhor seus clientes e antecipar demandas. Nesse contexto, o uso de análises avançadas e da IA permite a descoberta de tendências e a otimização de diversas operações, garantindo uma verdadeira vantagem competitiva

Nesse novo ecossistema, o papel do Chief Data Officer (CDO) também ganha mais relevância e se torna extremamente estratégico às organizações. Sua função vai além da pura gestão técnica das inovações, envolve alinhar o melhor uso dos dados aos objetivos da organização, promover a aplicação responsável das informações e consolidar uma cultura de decisões orientadas por evidências extraídas a partir da análise dos dados.

A análise de Big Data deixa de ser um diferencial para se tornar elemento-chave da inovação, da eficiência operacional e da vantagem competitiva. Organizações que conseguem extrair valor real dos dados demonstram maior capacidade de adaptação, evolução e crescimento em mercados cada vez mais guiados por dados.

Por tudo isso, não é exagero dizer que dados são tão essenciais para empresas quanto o ar que respiramos. Sem eles, elas não sobreviverão. Informações imprecisas ou mal gerenciadas funcionam como ar poluído, comprometendo decisões estratégicas e a visão de mercado. Assim como respirar traz calma e lucidez, uma base de dados bem estruturada, enriquecida e confiável pode definir o futuro de qualquer organização. O uso estratégico de dados já está moldando o amanhã e o futuro data-driven dos negócios já começou.

Newton Ide, CEO e sócio-fundador da Leega Consultoria.

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