Cuba assumiu a coordenação do Grupo dos 21 (G-21) na Conferência de Desarmamento da ONU, principal fórum multilateral para a negociação de acordos internacionais sobre controle de armamentos e desarmamento.
A ilha caribenha passou a exercer essa função em 23 de junho e liderará o grupo até 15 de agosto, em um contexto global marcado pelo aumento das tensões militares e pela expansão dos arsenais armamentistas por parte dos países membros da Otan.
Apesar do nome original, o Grupo dos 21 é atualmente composto por 33 países em desenvolvimento, que atuam de forma coordenada na Conferência de Desarmamento. Seu principal objetivo é promover o desarmamento nuclear completo e defender os interesses dos Estados que não possuem armas nucleares.
O grupo atua como um bloco de pressão, lutando pela implementação efetiva do Artigo VI do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), que obriga as potências nucleares a avançarem rumo ao desarmamento.
Índia, Egito, Indonésia e África do Sul estão entre os países que integram o G-21, considerado a voz coletiva do Sul Global nas negociações multilaterais sobre desarmamento. O grupo tem desempenhado um papel-chave na promoção de iniciativas como a resolução aprovada pela ONU em 2023, que solicitou à Corte Internacional de Justiça (CIJ) um parecer sobre as obrigações legais dos Estados com armamento nuclear em relação ao desarmamento.
A Conferência de Desarmamento foi estabelecida em 1979, após a primeira Sessão Especial sobre Desarmamento da Assembleia Geral da ONU. O fórum se reúne anualmente em três sessões no Palácio das Nações, em Genebra. Embora não integre formalmente o sistema das Nações Unidas, sua secretaria é administrada pelo Escritório da ONU para Assuntos de Desarmamento, e seus relatórios são encaminhados à Assembleia Geral.
Atualmente, é o único fórum com mandato oficial para negociar tratados multilaterais de desarmamento com caráter juridicamente vinculante, embora tenha enfrentado longos períodos de estagnação nas últimas décadas.
O papel de Cuba na coordenação do grupo ocorre em um momento de crescentes tensões internacionais. Recentemente, os países membros da Otan concordaram em elevar seus gastos militares para 5% do PIB — um aumento significativo em relação ao limite anterior de 2% —, o que vem sendo interpretado como um sinal alarmante da escalada na corrida armamentista global.
Cuba, que historicamente mantém uma postura em defesa do desarmamento e do multilateralismo, terá agora a responsabilidade de liderar o grupo em seus esforços para retomar as negociações e dar visibilidade às preocupações do mundo em desenvolvimento diante da crescente militarização internacional.
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