O Programa de Fragatas Classe Tamandaré, um dos principais projetos de defesa incluídos no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), corre sério risco de ser interrompido, mesmo após já ter consumido R$ 9,5 bilhões dos R$ 12,5 bilhões previstos até 2028. A falta de recursos no governo federal e nas Forças Armadas ameaça a continuidade do empreendimento, que visa reforçar a segurança marítima do Brasil.
Aprovado ainda no governo Michel Temer, o projeto contempla a construção de quatro navios modernos para proteger as águas brasileiras. Até o momento, apenas uma fragata foi lançada ao mar. As outras três estão em estágios variados: duas em construção e uma ainda sem sair do papel. Para concluí-las, seriam necessários mais R$ 3,5 bilhões, verba que ninguém no governo ou Congresso consegue assegurar diante do cenário fiscal delicado, agravado pela recente crise política que impediu o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
“Seria como comprar todo o material para construir uma casa e não ter dinheiro para pagar os pedreiros”, comparou um dos responsáveis pelo programa, destacando que boa parte do investimento já foi feita, mas o risco é abandonar a obra inacabada. A incerteza levou coordenadores do projeto a buscar soluções em diversos ministérios, na Marinha e na Casa Civil, mas até agora não houve sinalização concreta sobre a liberação do montante restante.
As empresas envolvidas — ThyssenKrupp, Embraer e Atech — alertam que, sem uma decisão até o fim do ano, terão de iniciar a desmobilização de trabalhadores no estaleiro de Itajaí (SC), o que pode gerar demissões em massa e a perda de know-how tecnológico acumulado durante o projeto. “O mar está em tudo e muitos brasileiros não sabem disso”, afirma o almirante Alexandre Pavoni. “Navios de segurança garantem a proteção das águas de onde saem ou por onde passam 90% do gás consumido no Brasil, 95% do petróleo, 40% do pescado e 99% das comunicações digitais via cabos submarinos.”
Responsáveis pelo programa insistem que a conclusão das fragatas é vital não só para a defesa nacional, mas também para a manutenção de milhares de empregos e do conhecimento estratégico adquirido, fundamentais para a indústria naval brasileira.
FONTE: Folha de São Paulo / Coluna da Mônica Bergamo
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