Uma postagem nas redes sociais de Terrence McCoy, correspondente do Washington Post no Brasil, com elogios ao Sistema Único de Saúde (SUS) após sofrer um ferimento na cabeça, viralizou no último final de semana. McCoy ficou positivamente surpreso com a eficiência e agilidade do Sistema e lembrou que se a necessidade de assistência recebida fosse nos Estados Unidos, além da recuperação física, precisaria de um tempo para recuperar a saúde financeira. “Qual a principal diferença entre os Estados Unidos e o Brasil? O SUS”, declarou nas redes sociais e completou: “Esse tipo de tratamento não existe nem para quem tem convênio de saúde”, disse.
O acidente doméstico aconteceu em meados de junho, quando o jornalista, sua esposa e o filho curtiam as férias em Paraty, município na região sul do Estado do Rio de Janeiro. Quando o filho começou a ter febre alta, os pais decidiram antecipar a volta para levar a criança ao pediatra particular no Rio de Janeiro, onde moram há seis anos. Foi nos preparativos para o retorno que o acidente aconteceu e a família se viu obrigada a usar o SUS pela primeira vez. Após carregar o carro com as malas, o jornalista foi atingido pela porta traseira do veículo e caiu desmaiado. Pessoas que estavam próximas chamaram o Samu e ele foi levado para o Hospital Municipal Hugo Miranda.
Durante as seis horas que esteve sob os cuidados dos profissionais do SUS, ele recebeu anestesia, fez exames de imagem para garantir que o corte havia sido apenas superficial – sem danos no crânio ou cérebro – levou seis pontos e recebeu remédios. Seu filho também foi atendido, diagnosticado com uma dor de garganta e, com os medicamentos necessários, sua febre baixou. Além de celebrar o bom atendimento recebido, o jornalista destacou que não precisou pagar nada pelo atendimento. Uma realidade que contrasta com a saúde oferecida em seu país de origem, em que mesmo pagando por um plano de saúde, seria necessário um desembolso extra para cuidados de emergência. Em seu texto publicado no jornal Washington Post, o jornalista não deixa de mencionar os gargalos do SUS, como a necessidade de mais financiamento e a dificuldade de conseguir atendimento especializado.
Ao Brasil de Fato, o professor da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) Airton Stein considerou que os atendimentos dedicados ao jornalista e ao seu filho ocorreram dentro de dois preceitos fundamentais do SUS: o atendimento universal e integral do sistema. “O SUS precisa funcionar exatamente quando nós mais precisamos e isso de fato ocorreu. Além disso, é preciso enfatizar, que os profissionais do SUS estão orientados para coordenar o cuidado, formando uma rede de segurança e integralidade no atendimento”, reflete.
Ele destaca que essa rede se inicia na atenção primária – quando não se trata de acidentes e emergências – a porta de entrada do SUS e responsável por monitorar a saúde dos cidadãos, incentivar práticas saudáveis e cuidar para que as doenças não evoluam para condições mais graves. Por outro lado, reconhece que o atendimento especializado permanece como um gargalo e que é necessário efetivar políticas públicas que diminuam a fila do SUS. Uma iniciativa recente nesse sentido anunciada pelo Ministério da Saúde é o programa Agora Tem Especialistas, que tem por objetivo garantir a integralidade do cuidado em doenças que exigem especialidades médicas.
A experiência positiva da família McCoy acontece em um momento especialmente sensível para a saúde dos estadunidenses. Na primeira semana de julho, o Congresso dos EUA aprovou o pacote de cortes de gastos enviado pelo presidente Donald Trump. Ao mesmo tempo em que isenta e reduz os impostos de diversos setores da economia e aumenta gastos com as Forças Armadas, Trump promove cortes em programas sociais em especial na saúde e no Medicaid, programa governamental para garantir acesso à saúde a famílias de baixa renda. Ao contrário do Medicaid, o Sistema de Saúde Brasileiro é de acesso universal e sete em cada dez brasileiros utilizam o SUS de forma exclusiva.
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