Mais de 300 mulheres negras de diferentes regiões do Rio Grande do Sul serão homenageadas este mês com a Medalha Preta Roza. A iniciativa é da deputada estadual Laura Sito (PT) e integra a programação do Julho das Pretas, mês de mobilização em torno do Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, celebrado em 25 de julho, Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra.
A cerimônia de entrega da Medalha Preta Roza será realizada no dia 23 de julho, às 14h, no Auditório do Ministério Público do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre. No dia 24, às 18h, uma edição da homenagem será realizada também em Pelotas, no sul do estado.
A homenagem reconhece o protagonismo de mulheres negras que atuam em áreas como política, cultura, saúde, segurança pública, educação, trabalho social e produção acadêmica. Para a deputada, a medalha tem um sentido que vai além da honraria individual.

“A Medalha Preta Roza é mais do que uma homenagem: é um ato de memória, reparação e justiça. Ao reconhecer mais de 300 mulheres negras de mais de 50 cidades do nosso estado, estamos dizendo em alto e bom som que elas sempre estiveram no centro da transformação social, mesmo quando tentaram invisibilizá-las, silenciá-las ou apagar suas histórias”, afirma Laura Sito ao Brasil de Fato RS.
Preta Roza, uma guerreira quilombola
O nome da condecoração homenageia Preta Roza, mulher negra escravizada e combatente do quilombo de Manoel Padeiro, na década de 1830. Atuando como estrategista e guerreira, chegou a se disfarçar de homem para circular entre espaços de poder e coletar informações. Morta em combate em 1835, ela se tornou símbolo da resistência negra e feminina no sul do país.

“Preta Roza, que dá nome à medalha, foi uma guerreira quilombola, estrategista e combatente. Ela nos inspira a seguir firmes e organizadas na luta por um futuro mais justo”, destaca a parlamentar.
Homenagem a trajetórias de força
A proposta também busca visibilizar outras formas de referência e resistência histórica no estado. “Dar a merecida visibilidade a essas trajetórias é também uma forma de dizer que o Rio Grande do Sul tem outras referências de heroísmo, inteligência e força”, afirma Sito.
Segundo a parlamentar, o reconhecimento se estende a mulheres que diariamente constroem caminhos em seus territórios, muitas vezes sem qualquer visibilidade. “Essa medalha é para todas as mulheres negras que movem as estruturas a partir de seus territórios: na saúde, na cultura, na política, na educação, no trabalho social, na segurança pública. Mulheres que cuidam, resistem e constroem alternativas todos os dias, muitas vezes sem nenhum reconhecimento.”
“Ao celebrarmos o Julho das Pretas com este gesto simbólico, reafirmamos o nosso compromisso com uma outra história, onde as mulheres negras não só aparecem, mas lideram, decidem e transformam. É como diz a Angela Davis: ‘quando a mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela’. Esse é o futuro que queremos construir!”, conclui Sito.

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