Crise no Programa F126: Alemanha avalia retomar construção naval com estaleiros próprios

A pressão está aumentando no Bundestag sobre o futuro do programa das fragatas F126 “Niedersachsen‑class”. O deputado Bastian Ernst, da CDU/CSU e responsável por temas navais na Comissão de Defesa, afirmou que os sucessivos atrasos e os problemas com a interface de TI entre o principal contratado — Damen Naval — e os subcontratados justificam a “absoluta correção” em cancelar o projeto e reestruturá-lo integralmente com estaleiros alemães.

O programa F126, concebido para substituir as antigas F123, prevê seis navios de cerca de 10.000 toneladas, com capacidade global de combate triplo (ar, superfície e submarinos) e funções que incluem vigilância marítima, apoio a forças especiais e operações de evacuação. O primeiro navio estava previsto para 2028, mas já acumula atraso potencial de até 48 meses, conforme estimativa da CDU.

Os entraves técnicos se concentram nos sistemas de design e manufatura da Damen Naval, cuja plataforma digital apresentou falhas nas interfaces com subcontratados. Isso resultou em retrabalhos nos estaleiros alemães, especialmente em Wolgast e Hamburgo, associados ao projeto. Apesar disso, o Ministério da Defesa insiste na continuidade do programa, com reforço orçamentário de €320 milhões em 2024 — montante que ainda não chegou às empresas alemãs.

Ernst argumenta que “não se deve manter o projeto vivo gastando ainda mais dinheiro”. Ele apoia a mudança para um “Plano B” envolvendo estaleiros nacionais diretamente, proposta que, segundo fontes, recebe simpatia mesmo dentro do SPD . O risco estratégico é evidente: em razão da crise na Ucrânia, os novos navios tornam-se cada vez mais necessários em menos tempo.

Em contrapartida, o governo alemão e o Ministério da Defesa têm mantido confiança na abordagem atual: reforço técnico junto à Damen e acordos com as autoridades holandesas. Entretanto, fontes governamentais não descartam novos atrasos e custos adicionais — há negociações em andamento sobre ajustes contratuais com as firmas envolvidas .

O dilema enfrenta, assim, duas forças opostas: a urgência por capacidade naval em contexto europeu cada vez mais tenso e a busca por independência industrial nacional, reduzindo dependência de estaleiros estrangeiros. A decisão final pode redefinir o rumo da construção naval militar alemã e influenciar futuras parcerias europeias — especialmente em um momento em que os rivais reforçam suas marinhas com novas fragatas modernas.

FONTE: Naval News

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