Indústria debate tarifas dos EUA e desafios da competitividade no ‘Data Business’

Data Business Indústria discutiu, além do tarifaço dos EUA, os rumos da indústria capixaba nos próximos anos. Crédito: Edu Kopernick

As incertezas em torno do “tarifaço” dos Estados Unidos pautaram o evento Data Business Indústria, nesta quarta no auditório da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), em Vitória. Empresários e representantes do setor produtivo destacaram a necessidade de reposicionar a indústria brasileira frente à nova dinâmica do comércio internacional.

“O tarifaço, ao contrário do livre comércio, vem com uma pegada política partidária, o que é muito ruim”, afirmou o presidente da Findes, Paulo Baraona. Segundo ele, a resposta da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e dos governos estadual e federal ainda é insuficiente: “São medidas paliativas”.

O presidente da Apex, Fernando Cinelli, reforçou o alerta sobre a nova realidade imposta pelas tarifas americanas e cobrou maior responsabilidade fiscal da União. “O governo federal vem dando ‘bom dia a cavalo’. De um lado tem uma política monetária contra acionista, buscando arrefecer a inflação, que está alta. Porém de outro, não para de gastar”, disse.

Cinelli também chamou atenção para o impacto da política monetária nos negócios: “Se os juros estivessem em um patamar diferente, o tarifário iria bater tão forte no otimismo, na autoestima, na perspectiva de cenário de mercado dos empresários brasileiros?”, questionou.

O evento, promovido por Findes, Apex e Rede Vitória, discutiu ainda a posição estratégica do Espírito Santo como um polo logístico em transformação. Para Fernando Dalla Bernardina, diretor-executivo da Cedisa, investimentos na infraestrutura portuária são fundamentais para aumentar a competitividade local.

“Para o Espírito Santo, esses investimentos vão ser significativos. Principalmente se a gente considerar a região de Aracruz com o porto da Imetame. Nesse sentido, isso deve dar uma transformada muito grande na região”, afirmou.

Indústria e comunicação na crise de tarifas

A cobertura midiática da crise também foi tema do debate. Vice-presidente da Rede Vitória, Américo Buaiz Neto, destacou o papel da imprensa regional diante da complexidade do cenário. “O que a gente tem tentado fazer é conversar com o governo do Estado, ver que medidas estão sendo tomadas aqui para que a economia capixaba seja menos impactada com tudo isso. Do mesmo modo, temos que trazer uma informação um pouco mais pé no chão daquilo que realmente tem acontecido”, afirmou.

Ele citou ainda uma pesquisa que mostra que 60% da população não sabe como as tarifas vão impactar seu dia a dia.

Para Baraona, o enfrentamento da nova conjuntura comercial não pode depender apenas do poder público. “Nós temos de tudo no Brasil. O que precisamos é fazer com que isso gere produto com valor agregado e não só vender commodities”, afirmou. Ele também defendeu uma ação conjunta entre federações e conselhos de infraestrutura: “Assinamos um pacto e estamos estudando os nossos comitês de infraestrutura, nossas comissões. Especialmente os modais ferroviários bem como rodoviários, para que a gente faça o óbvio: ligue carga, porto, origem e destino”.

O evento Data Business Indústria integra agenda voltada à neoindustrialização do Espírito Santo, com foco na economia verde e no fortalecimento de cadeias produtivas locais até 2050. A programação contou ainda com painéis sobre financiamento verde, inovação bem como sustentabilidade como pilares do novo ciclo industrial capixaba.

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