
A lista de exceções anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reduziu drasticamente o impacto da tarifa adicional de 40% (que, somadas aos 10% já vigentes, seria elevada para 50%) sobre os produtos brasileiros. No caso do Espírito Santo, que inicialmente teria 28,6% de suas exportações expostas ao mercado americano, o percentual pode cair para apenas 2,5%, na hipótese de exclusões do aço e pedras de cantaria – segundo projeções do diretor econômico da Futura, Orlando Caliman, feitas com base nos dados de 2024. A mudança representa um alívio expressivo para setores-chave da economia capixaba, como o de aço, celulose, petróleo e rochas ornamentais, que compõem a maior parte da pauta exportadora do estado.
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Exposição da economia capixaba deve ficar entre 2,5% e 5%, aponta economista
Segundo Orlando Caliman, a exposição do Espírito Santo ao mercado americano pode cair de 28,6% (percentual das exportações destinadas para os EUA no total exportado pelo estado em 2024 – US$ 3,1 bilhões de US$ 10,7 bilhões –) e chegar, agora, a apenas 2,5%, caso aço e derivados e pedras de cantaria fiquem totalmente fora do adicional; ou a 5%, caso apenas uma parcela de pedras (como granito, mármore, ardósia e pedra-sabão) fique de fora.
“Traduzindo em números, teríamos US$ 271 milhões ainda em exposição, de um total de US$ 3,1 bilhões. Ou seja, cerca de US$ 2,8 bilhões sairiam da tarifa adicional. Esse alívio é extremamente significativo”, afirma.
A explicação para esse alívio está na composição das exportações do estado para os EUA, formadas majoritariamente por insumos industriais — pelotas de minério de ferro, celulose, aço e derivados, além de petróleo — que juntos representam mais de 70% do total exportado. No cenário anterior, anunciado em 9 de julho, o Espírito Santo seria o segundo estado mais impactado do país, atrás apenas do Ceará, devido à sua elevada exposição comercial com os EUA.
Mesmo com o novo cenário mais favorável, parte do setor agropecuário segue em alerta. Produtos como gengibre, café verde, café solúvel, pimenta-do-reino, mamão e pescado não foram incluídos nas isenções e permanecem sujeitos à tarifa adicional. Em 2024, esse grupo somou US$ 230 milhões em exportações para os EUA, o equivalente a cerca de R$ 1,3 bilhão.
O que diz o setor produtivo do Espírito Santo?
Segundo o Observatório Findes, em 2024, o Espírito Santo exportou 74 dos 694 produtos da lista de isentos da tarifa adicional – essas exceções representaram 47,1% do total comercializado com os EUA.
“A notícia causa alívio para parte dos industriais capixabas, porém, ainda está longe do cenário ideal, já que todos os produtos brasileiros serão taxados, os itens contemplados na lista serão em 10% e os demais em 50%. A Findes defende a ampliação do diálogo e da negociação com o governo dos EUA para proteger os interesses da economia capixaba e nacional. Os Estados Unidos são um importante parceiro comercial e o principal destino das exportações do ES, representando 28,6% das exportações do Estado em 2024”, afirmou Paulo Baraona, presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes).
A Associação Brasileira de Rochas Naturais (Centrorochas) reforçou que recebeu com alívio e senso de avanço a inclusão do quartzito brasileiro – principal produto exportado do setor – na lista de isenções da tarifa adicional de 40% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos do Brasil. Segundo a instituição, o material representou cerca de 50% das exportações brasileiras de rochas naturais para o mercado americano em 2024.
“O setor está unido, agindo com responsabilidade, estratégia e diálogo. A isenção parcial foi um avanço, mas precisamos garantir que toda a cadeia compreenda os impactos da medida e esteja preparada para os próximos passos”, reforça Tales Machado, presidente da Centrorochas.