Margarida Alves, líder sindical e camponesa, completaria 92 anos nesta terça (5)

Margarida Maria Alves nasceu em 5 de agosto de 1933, em Alagoa Grande, no brejo paraibano. Ao longo da vida, se tornou referência na luta por direitos trabalhistas no campo e símbolo da resistência popular no Brasil. Aos 92 anos de seu nascimento, Margarida segue presente nas lutas que movem o Brasil profundo, camponês e popular.

Trabalhadora rural, foi uma das primeiras mulheres a presidir um sindicato de trabalhadores e trabalhadoras rurais no país, desafiando o poder dos latifundiários e a repressão do regime militar.

À frente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, Margarida enfrentou o sistema de exploração vigente nas usinas de cana-de-açúcar, denunciando jornadas exaustivas, baixos salários, ausência de carteira assinada e trabalho infantil.

Durante sua gestão, moveu mais de 600 ações trabalhistas. Também atuou na criação de espaços de formação e educação popular, como o Centro de Educação e Cultura do Trabalhador Rural, fundado junto com o educador Paulo Freire.

O trabalho de base de Margarida era feito de porta em porta, por meio de panfletos, reuniões e ações educativas clandestinas. Em uma região marcada por profundas desigualdades sociais, a sindicalista liderava campanhas por direitos básicos como o 13º salário, a jornada de oito horas, o descanso semanal e a licença-maternidade.

A atuação firme a colocou como alvo dos setores mais conservadores da sociedade paraibana, como o chamado Grupo da Várzea, ligado a famílias com poder político e econômico.

Mesmo diante de ameaças constantes, Margarida Alves manteve sua atuação. Em 12 de agosto de 1983, foi assassinada na porta de casa, diante do filho e do marido, por matadores de aluguel contratados por latifundiários da região. O crime permanece impune, mas a memória da sindicalista segue viva.

Líder sindical inspirou a Marcha das Margaridas

Desde o ano 2000, milhares de mulheres trabalhadoras rurais ocupam Brasília a cada quatro anos para a Marcha das Margaridas. A mobilização leva o nome da sindicalista paraibana e reivindica políticas públicas para as mulheres do campo, da floresta e das águas. Em 2023, mais de 100 mil participaram do ato.

A Marcha se consolidou como a maior ação conjunta de mulheres da América Latina. Nela, se articula a luta por terra, direitos, igualdade de gênero e soberania alimentar. Além da mobilização nacional, a memória de Margarida também é celebrada todos os anos no Polo da Borborema, na Paraíba, com a Marcha pela Vida das Mulheres e pela Agroecologia.

Em reconhecimento à sua trajetória, o nome de Margarida Alves foi inscrito em 2023 no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, abrigado no Panteão da Pátria, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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