Feira de Santana se une em caminhada pelo fim da violência contra mulheres

Foto: Ed Santos / Acorda Cidade

A “Caminhada do Agosto Lilás” reuniu diversos participantes em Feira de Santana neste sábado (9). O evento é considerado um dos atos mais importantes do ano para reforçar a luta pelo fim da violência contra as mulheres. A ação foi promovida pela subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Feira de Santana.

A concentração para a caminhada ocorreu em frente à sede da OAB, no centro da cidade, de onde os participantes seguiram pelas ruas chamando atenção para o aumento dos casos de feminicídio, tentativas de feminicídio e violência psicológica contra as mulheres no Brasil.

capitã Nina Marques, comandante da Ronda Maria da Penha em Feira de Santana | Foto: Ed Santos / Acorda Cidade

“Nós entendemos que a conscientização é a primeira etapa a ser feita porque a gente não quer atuar onde já aconteceu um crime. A gente quer garantir que esses crimes não venham a acontecer. Então o trabalho de conscientização é justamente para que as mulheres não se submetam a situação de violência e, se perceberem que existe um abuso ou um comportamento agressivo, já comecem a se atentar para evitar que isso evolua, que chegue a um comportamento violento [mais grave] e para que os homens entendam que nós estamos ligadas, espertas e que nós estamos aqui para combater todo e qualquer tipo de abuso e violência contra a mulher”, disse a capitã Nina Marques, comandante da Ronda Maria da Penha em Feira de Santana.

Lorena Peixoto, presidente da OAB em Feira de Santana, explicou ao Acorda Cidade que é de grande importância relembrar que a instituição é uma unidade de classe, mas também tem um papel social que zela pela manutenção do Estado Democrático de Direito. Segundo ela, uma das ações mais importantes desenvolvidas pela subseção é a promoção de eventos como a caminhada, que é voltada à igualdade de gênero.

Lorena Peixoto, presidente da OAB em Feira de Santana | Foto: Ed Santos / Acorda Cidade

“Essa caminhada é mais uma ação objetivando a promoção dessa igualdade, objetivando um processo de conscientização, de mudança de cultura, para que a sociedade compreenda que nós, mulheres, somos sujeitas de direito e, portanto, nós precisamos estar em um processo de transformação dessa sociedade machista, patriarcal, que ainda nos oprime, que ainda nos violenta, e alertar as mulheres, a sociedade, sobretudo aquelas que estão em condição de violência doméstica e familiar, para denunciar, para romper o ciclo de violência, clamando mesmo a participação da sociedade para nos ajudar nesse processo de denúncia, porque só é possível romper o ciclo com a denúncia”, disse a presidente.

“Trazer essa temática de forma a alertar que a violência não é somente a violência física, existe a violência patrimonial, a violência psicológica, a violência moral, a violência sexual, que as mulheres por vezes vivem no seu ambiente doméstico e familiar, vivem relacionamentos abusivos, e lembrando também que não é somente o marido, o namorado, o companheiro, o ex-marido, o ex-namorado, o ex-companheiro, o sogro, o avô, o pai; todas essas pessoas podem ser agressores, e a mulher, estando nessa condição de violência, precisa denunciar, e por vezes se sente acovardada, com medo, mas é necessário também alertar que Feira de Santana conta com uma rede de proteção e apoio completa”, complementou a presidente.

Foto: Ed Santos / Acorda Cidade

Esmeralda Alana, presidente do Conselho Municipal das Mulheres e presidente da Comissão da Mulher da OAB de Feira de Santana, explicou em entrevista ao Acorda Cidade a importância da criação da Lei Maria da Penha, que completou recentemente 19 anos de atuação.

Esmeralda Alana, presidente do Conselho Municipal das Mulheres e presidente da Comissão da Mulher da OAB de Feira de Santana | Foto: Ed Santos / Acorda Cidade

“A gente teve diversas legislações que somaram para que essa lei seja cada vez mais eficaz, como, por exemplo, a prioridade da matrícula em creches e escolas próximas à localização onde essa mulher resida, afastamento do lar, não ter contato, diversas medidas protetivas que foram ampliadas, a criação do crime de violência psicológica e também do descumprimento de medidas protetivas ser um crime autônomo, ou seja, ele responder também por não cumprir essas medidas protetivas deferidas.”

Foto: Ed Santos / Acorda Cidade

“O ano de 2025, que pega os dados do ano anterior, revela que uma mulher é morta a cada seis horas no Brasil. O Brasil é o quinto país que mais mata mulheres, ou seja, temos uma incidência de feminicídio ainda alta, mesmo que a gente tenha uma pena de até 40 anos para esse tipo de crime. Então percebemos que não apenas tipificar o crime e aumentar essa pena vai inibir que homens matem mulheres, porque sim, os homens são os maiores agressores, os maiores feminicidas”, concluiu Alana.

Reportagem escrita pelo estagiário de jornalismo Jefferson Araújo sob supervisão

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