
As obras de duplicação do Anel de Contorno, na Avenida Eduardo Fróes da Mota, em Feira de Santana, já estão trazendo transtornos para comerciantes que trabalham nas imediações da pista.
Segundo os comerciantes, no trecho, próximo a uma grande rede de supermercado, três estabelecimentos precisam sair do local. A remoção foi comunicada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) por meio de uma ordem administrativa do órgão.
De acordo com Thiago Silva de Carvalho, que possui um comércio na região, o Dnit informou que os comerciantes não serão indenizados.

“O Dnit chegou aqui informando que a gente só tinha 30 dias, já vai vencer agora sábado e disse que não tem indenização, não tem outro local. Fez como um cachorro. Chegou aí e quer nos tirar daqui. E a gente tem uma família, a gente tem quatro funcionários e o tempo é curto para organizar a nossa vida. E eles querem passar e deixar a gente sem o nosso ganha-pão”, disse Thiago.
O estabelecimento de Thiago já possui mais de 30 anos de serviço. Foi passado de geração em geração e segue atendendo todos os outros comércios que precisam realizar a alimentação pela região.

“Foi do meu avô, passou para o meu pai, meu pai passou para mim. A gente tem recibo de água e luz desde 1994, nesse local. É churrascaria, vende de tudo, porque é um pequenininho, mas leva o pão para casa.”
Ainda segundo o relato de Thiago, não há outro ponto por perto para realizar a mudança. Ele encontra-se desesperado, sem saber para onde ir.
“Não tem nem outro ponto por perto. O custo é grande. A gente tem quatro funcionários, não sei o que eu vou fazer. Todo mundo de carteira assinada, todo mundo certinho.”

O advogado de Thiago, Pedro Galvão, conversou com o Acorda Cidade para explicar as reivindicações do comerciante. De acordo com ele, o prazo dado pelo Dnit de 30 dias é insuficiente para que os comerciantes se restabeleçam em outro local. Eles pedem a ampliação desse tempo.
O advogado entrou com uma liminar na justiça e aguarda a mediação do problema com o Dnit.
“Nosso papel principal aqui é tentar conseguir que eles tenham mais prazo para poderem conseguir se realocar, se restabelecer, até porque são cidadãos da nossa cidade, pagam impostos, têm funcionários, temos outras famílias aqui. Então, é necessário que o Dnit reveja isso para que o pessoal possa ter mais tempo para poder se organizar.”

Pedro Galvão também disse que está averiguando se a distância apresentada pelo Dnit realmente corresponde à área em que os restaurantes estão localizados.
“É necessário a gente ver isso também, porque se não atingir, a gente vai ver a possibilidade, juntamente com o Thiago, com o pessoal do Dnit, para nós nos organizarmos, eles poderem usar, ver aqui como pode se realocar no mesmo local. Mas para isso, a ação precisa dar continuidade e o prazo foi muito curto e nós estamos abertos para ouvir o Dnit.”

O advogado ainda explicou que deve entrar com agravo judicial para que a ação de remoção não se cumpra até o próximo sábado (16).
“Já pedimos urgência nisso para a gente poder conseguir prorrogar esse prazo. Além do que, estamos tentando também ver o pessoal do Dnit, a superintendência, um coordenador para que a gente consiga fazer a prorrogação desse espaço, porque, como você vê, atinge todo o pessoal do comércio local, além do ponto de apoio que nós temos aqui. Não atinge só a cidade, atinge quem passa pela cidade também.

De acordo com outro comerciante, Anderson Carvalho, o Dnit informou que no local devem ser construídas calçadas, ciclofaixas para ciclismo e a pavimentação da duplicação do Anel de Contorno. Ele já encontra-se conformado com a remoção.
“Até o momento, ainda não tenho para onde ir, ainda é uma questão que está em interrogação. Nós trabalhamos aqui em cinco pessoas. Nós vamos entrar em um acordo [com os funcionários] e, depois desse acordo, aí cada um vai seguir a sua jornada.”

Anderson também é motorista rodoviário. Ele contou ao Acorda Cidade que abriu o restaurante em 2010, quando ficou desempregado, e manteve o empreendimento até hoje.
“Segui durante esse tempo, mas vou finalizar agora por conta da notificação do Dnit. Não pretendo vender os materiais, pretendo guardar e futuramente, se Deus permitir, montar outro restaurante em outro local.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade
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