Marco Polo na Lage do Jagua
Luís Reis
Os surfistas Marco Polo e Lucas Chumbo podem bater o recorde de maior onda surfada no Brasil, segundo a Big Waves Brasil (BWB), entidade responsável pelo levantamento. Os registros em análise foram feitos na Laje da Jagua, em Jaguaruna (SC), em 30 de julho, durante a passagem de um ciclone extratropical pela costa do país.
Mas para pegar os swells, que são as ondulações que ocorrem quando há tempestades no meio do oceano, e que podem ter passado de 15 metros, os dois precisaram viajar depressa para a região conhecida como a Nazaré brasileira, sem pensar muito.
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O big rider e ex-BBB Chumbo estava na Bahia quando viu o ciclone e as condições de vento favoráveis para grandes ondas se formando no sul do país.
Para ele não tinha outra opção: ele encerrou o passeio mais cedo e dirigiu por 22 horas até o Rio de Janeiro. De lá, pegou um voo para Santa Catarina.
“No Brasil, quando a gente vê números assim, a gente sabe que já tem que se antecipar, porque são muitas opções, nem todas as opções aguentam um tamanho desse. Então, já toquei lá para Santa Catarina”, comentou ao g1.
Já o surfista Marco Polo saiu de Florianópolis e chegou no local dois dias antes do swell, em meio às previsões de tempestades. Ele acredita que sua onda pode bater o recorde.
Ondas gigantes
📍 Localizada a 5,3 km da costa de Jaguaruna e descoberta por surfistas em 2003, a Laje da Jagua é uma formação rochosa submarina com cerca de dois quilômetros de extensão. Para chegar até lá, é necessário fazer uma travessia de cerca de 30 minutos, em mar aberto, com moto aquática.
Essas características geográficas fazem com que as ondas por si só sejam grandes. A passagem do ciclone, no entanto, aumenta essa condição.
“Essa onda surfada foi uma verdadeira montanha, a descida não tinha fim, e com muitos calombos. Teve uma hora que só pensava em completar a onda, para não ser engolido pela avalanche de água turbulenta”, comentou Polo.
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Hexacampeão do Desafio Gigantes de Nazaré e acostumado com a grandeza do mar, Chumbo comparou o espaço à tradicional vila de surfistas de Portugal, conhecida pelo tamanho das ondas.
“Quando a gente chegou na Laje, foi uma das maiores ondas que eu já vi na minha vida. Assim que a gente chegou, logo de manhã, o mar já estava gigantesco. Muito vento, e só me lembrava Nazaré, uma mini Nazaré no Brasil”, relatou.
Lucas Chumbo surfou na Laje da Jagua, conhecida como Nazaré brasileira, em 30 de julho
Gabriel Gomes
🌊 Análise
As duas ondas pegas por eles estão na disputa da maior no país, segundo Thiago Jacaré, idealizador da BWB e coordenador nacional de Surf de Ondas Grandes da Confederação Brasileira de Surf (CBSurf).
As análises são conduzidas por um oceanógrafo especializado e vão verificar se alguma delas bateu o atual recorde de 14 metros.
Quem verifica a possível quebra de recorde é o oceanógrafo Douglas Nemes, doutor em engenharia costeira e especialista em mecânica das ondas, a pedido da BWB. O resultado deve ser divulgado nos próximos dias.
“Ao longo de mais de duas décadas, desenvolvi técnicas próprias para medição, qualificação e análise da quebra de ondas, sempre com rigor científico. Além disso, por também ser surfista e ex-competidor, consegui unir a vivência prática no mar à precisão acadêmica”, comentou Nemes.
Em 2022, a pedido de Jacaré e da prefeitura de Jaguaruna, Nemes reuniu mais de 300 registros da Laje da Jaguaruna para um estudo minucioso. A análise, segundo ele, comprovou que no local estão as maiores ondas já surfadas no país.
Ainda não há uma atuação da CBSurf voltada especificamente para o levantamento das maiores ondas no país. “Esse vácuo técnico e científico é justamente onde entra o meu trabalho. Hoje, provavelmente detenho o maior acervo científico de ondas surfadas e medidas ao longo da costa brasileira”, comenta.
O projeto de lei 1960/2022, que tramita na Câmara de Deputados, inclusive, busca reconhecer Jaguaruna como a “Capital Nacional da Maior Onda do Brasil”.
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