
Reserva particular enfrenta dificuldades financeiras para manter as atividades no Amapá
Animais da Unidade privada de Conservação Rppn Revecom, localizada no município de Santana estão sendo alvo de violência por parte de invasores. A anta ‘Chicão’ de 300 quilos, foi atingida por uma pedrada no olho no local.
O ataque mostra a vulnerabilidade da área, que enfrenta ataques constantes e cortes na cerca de proteção provocados por humanos, além da ausência de vigilância devido à falta de recursos.
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Anta se recupera após agressão
Isadora Pereira/g1
O caso aconteceu em abril deste ano, mas Chicão só se recuperou totalmente neste mês de agosto. Apesar do susto, a anta passou por tratamento com corticoides e está com o olho 100% recuperado. Mas o ocorrido deixou o coordenador da reserva, Paulo Amorim, apreensivo.
“A anta foi ferida com uma pedrada no olho. É um sinal claro de que a violência aumentou. A população sabe que estamos sem vigilância e aproveita para invadir”, afirma o responsável pela reserva.
Anta foi atingida com pedrada no olho
Divulgação/Revecom
Chicão é um dos 300 animais que vivem no local. Os que precisam de uma maior assistência e possuem limitações físicas e de saúde vivem em cativeiro, os demais estão soltos pela floresta.
Diversos animais vivem soltos na reserva
Isadora Pereira/g1
O homem que criou a anta e os outros animais desde filhotes, relatou que as intervenções humanas são constantes.
“Eles são crianças que precisam de atenção, boa alimentação, isso é muito importante, algo que nós fazemos aqui. Então, as pessoas precisam se preocupar com isso, precisam parar de perseguir e caçar e criar animais selvagens em casa. Os selvagens vivem na floresta”, disse.
Paulo contou ainda que todos os animais da reserva foram machucados ou prejudicados pelo ser-humano, na tentativa de domesticá-los ou por materiais que degradam o meio-ambiente e a qualidade de vida silvestre.
O caso da Murucututu, uma coruja que foi resgatada após ficar presa em uma linha com cerol, é um dos exemplos. Devido ao ferimento, ela precisou amputar os dedos dianteiros.
Coruja Murucututu foi resgatada após ficar presa em linha de cerol
Crystofher Andrade/g1
Mesmo após passar pelo incidente com a obra humana, a coruja se tornou um animal dócil, que baixa a cabeça pedindo carinho aos visitantes.
“Eles também precisam de atenção, de carinho. Nós conversamos com eles, fazemos carinho, paramos na frente deles, perguntamos como eles estão”, completou.
Coruja Murucututu foi resgatada após ficar presa em linha de cerol
Isadora Pereira/g1
Sobre a reserva
Há 27 anos, o espaço atua na recuperação de animais resgatados por órgãos como o Batalhão Ambiental e a Polícia Federal, além de promover educação ambiental.
A reserva de 17 hectares foi criada em 1998 por uma portaria do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
A reserva também abrigava uma praia artificial, criada para receber tartarugas-da-Amazônia resgatadas pela Polícia Federal. No último ano, criminosos roubaram os ovos de 10 ninhos e mataram a maior tartaruga da área, com quase um metro de carapaça.
Revecom abriga mais de 300 animais
Isadora Pereira/g1
Após o ataque, cerca de 300 quelônios foram retirados e soltos no Rio Amazonas. A medida encerrou o projeto de reprodução, mas deixou um alerta sobre a falta de preparo da população para experiências ambientais.
Sede da Rppn Revecom, em Santana
Isadora Pereira/g1
Crise financeira
Com o encerramento das atividades da empresa que financiava a reserva, o projeto enfrenta dificuldades para pagar salários e manter a estrutura. São necessários entre R$ 5 mil e R$ 7 mil para quitar débitos com sete funcionários.
“Recebemos valores de R$ 5 a R$ 1 mil. Cada contribuição é importante e mostra que alguém se preocupou com a sobrevivência da reserva”, diz o gestor.
As visitas são guiadas e precisam ser agendadas pelo WhatsApp: (96) 99971-2155. Instituições de caridade e grupos religiosos têm entrada gratuita. Para o público geral, o ingresso custa R$ 20 (adultos) e R$ 10 (crianças).
Reserva ambiental do Amapá enfrenta dificuldades financeiras e problemas com invasores
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