Fentanil contaminado, usado como analgésico, causou a morte de quase 100 pessoas na Argentina

Lotes de fentanil contaminados com uma bactéria causaram a morte de pelo menos 96 pessoas na Argentina nos últimos meses. O caso envolve pacientes que estavam em internação por condições diversas e receberam o medicamento como analgésico ou anestésico.

Em maio, uma série de pacientes com quadros de infecção grave pelas bactérias Klebsiella pneumoniae e Ralstonia pickettii começaram a ser identificados em diferentes hospitais do país.

A Administração Nacional de Medicamentos, Alimentos e Tecnologia Médica (Anmat) realizou diversos testes e identificou a contaminação bacteriana em ampolas do medicamento, produzido pela farmacêutica HLB Pharma e pelo Laboratório Ramallo.

Estima-se que mais de 300 mil ampolas foram distribuídas em diversas províncias, incluindo Buenos Aires, Santa Fé, Córdoba e Formosa. Cerca de 45 mil delas chegaram a ser administradas antes do recolhimento.

O proprietário da HLB Pharma, Ariel García Furfaro, negou a responsabilidade direta da empresa nas mortes, afirmando que retirou o produto do mercado por conta própria e sugeriu que a contaminação pode ter sido um ato de sabotagem.

A justiça argentina investiga o caso, e 24 pessoas envolvidas na produção e distribuição do medicamento estão com os bens congelados e proibidas de deixar o país.

Overdose e tarifas: o que é o fentanil?

O fentanil é um opioide sintético usado legalmente para o tratamento de dores intensas, especialmente em pacientes com câncer ou no pós-operatório, e como anestésico. Com potência 50 a 100 vezes superior à morfina, o remédio tem altíssima potencialidade de causar dependência.

Nos Estados Unidos, ele é o principal protagonista de uma epidemia de opioides que mata dezenas de milhares de pessoas todos os anos por overdose. Em 2023, foram mais de 75 mil óbitos. No ano passado, houve queda de casos, mas o número de vítimas do fentanil chegou a impressionantes 48 mil.

A crise começou com a prescrição excessiva de analgésicos opioides na década de 1990, impulsionada por fortes estratégias de propaganda de indústria de remédios estadunidenses. O resultado foi um aumento expressivo de dependentes químicos,

Com o passar dos anos, o uso ilícito e abusivo do remédio cresceu, assim como o abuso de heroína, que está na mesma categoria de substância. Hoje, os opioides representam o maior problema de saúde pública dos Estados Unidos.

A situação também causa consequências mercadológicas. O combate ao tráfico de fentanil foi usado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, como justificativa para a decisão de taxar produtos do México e da China e dar início a uma guerra comercial com os dois países.

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