‘Cavaleiro das Américas’: 1º brasileiro a cruzar continente a cavalo relembra viagem até a Festa do Peão de Barretos


Relembre a chegada do ‘Cavaleiro das Américas’ à Festa do Peão de Barretos em 2014
Onze anos atrás, Filipe Masetti Leite se tornou o primeiro brasileiro a cruzar as Américas a cavalo. A jornada de Calgary, no Canadá, até Barretos (SP) rendeu a ele o título de “Cavaleiro das Américas” e foi festejada na arena do Parque do Peão em agosto de 2014, durante a 59ª Festa do Peão.
O tempo passou, mas Filipe, que é jornalista, palestrante e escritor, não esqueceu do carinho do público. A emoção foi ainda maior com a família esperando por ele.
“Foi inesquecível, parece que minha alma saiu do meu corpo. Eu nunca me senti tão próximo de Deus. Estar no meio daquela arena, com 30, 40 mil pessoas, eu com meus três cavalos e com o que todo mundo tinha falado lá atrás que era impossível. A gente mostrou que com foco, com determinação, com garra, absolutamente nada é impossível, eu chorei muito”, lembra Filipe.
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Felipe Masetti Leite, o ‘Cavaleiro das Américas’, em sua chegada à arena da Festa do Peão de Barretos em 2014
Érico Andrade/g1
Em agosto deste ano, quando o maior rodeio da América Latina completa 70 anos, Felipe se emociona e se considera parte dessa história. No Parque do Peão, um monumento foi inaugurado em homenagem a ele em 2015.
“Eu sou muito grato a Os Independentes [clube fundador e organizador da festa de Barretos], eu construí minha história dentro daquela arena dos sonhos. Se não fossem eles, eu não seria o ‘Cavaleiro das Américas’ hoje, eu não seria reconhecido mundialmente. Eu sou muito grato a Barretos, aos 70 anos de histórias que celebram a nossa cultura sertaneja”, diz.
📸 FOTOS: Relembre a chegada do Cavaleiro das Américas à Festa de Barretos
A experiência virou um livro, um documentário e um filme está sendo gravado.
A trajetória do cowboy inclusive inspira outros amantes do universo sertanejo. Desde o fim de 2024, Pedro Henrique Biondo Matias, conhecido como Pedro Berranteiro, e o cachorro “Bastião” estão a caminho de Barretos desde os EUA em mulas. A previsão é que eles concluam a viagem em agosto de 2026.
Felipe Masetti Leite, o ‘Cavaleiro das Américas’, em sua saga do Canadá à Festa do Peão de Barretos entre 2012 e 2014
Arquivo pessoal
Saga teve três etapas
Filipe começou a saga em 2012. Natural de Espírito Santo do Pinhal (SP), ele já morava no Canadá desde os 9 anos e sempre foi apaixonado por cavalos.
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A primeira etapa da viagem até Barretos durou pouco mais de dois anos. Ele percorreu 16 mil quilômetros desde o Canadá até o interior de São Paulo junto com os cavalos Bruiser, Dude e Frenchie.
Mas a festa no rodeio dois anos depois não foi o fim da saga. Ele seguiu sua jornada pelo restante da América, dando início à segunda etapa ao partir de São Paulo (SP) rumo a Ushuaia, na Argentina.
Durante a viagem, conseguiu arrecadar fundos em prol do Hospital de Amor, referência no tratamento do câncer no Brasil.
A passagem pela Argentina ficou ainda mais especial com um encontro inesperado em 2017. “Eu conheci a minha esposa na viagem, conheci a Clara na Patagônia Argentina. Pedi um pouso para a família dela e acabei me apaixonando. Casei com ela em março deste ano”, lembra.
Em seguida, com o objetivo de terminar o trajeto e concluir o feito de atravessar toda a América, Filipe partiu para o Norte do continente na companhia dos cavalos e da Clara. A terceira etapa da viagem foi de Fairbanks, no Alasca, até o Canadá.
Felipe Masetti Leite, o ‘Cavaleiro das Américas’, em pouso durante a saga do Canadá à Festa do Peão de Barretos entre 2012 e 2014
Arquivo pessoal
No total, foram 803 dias, 27 mil quilômetros, 12 países e muita coragem para completar a travessia. O cavaleiro conta que a experiência que levou oito anos de viagem foi maravilhosa. Ele conheceu diversas culturas, pessoas e paisagens, mas a bondade do ser humano foi o que mais marcou a sua jornada.
“Eu viajava 30 quilômetros por dia, tinha que pedir pouso na casa das pessoas e literalmente eu entrei na casa dessas pessoas em 12 nações. Teve uma família na Guatemala que sacrificou o único frango que eles tinham para me dar de comer.”
O apoio da família
Apesar desses bons momentos, Filipe também passou por lugares perigosos. Nessas horas sempre se lembrava de onde surgiu o sonho de atravessar a América, o que o ajudava a se manter firme.
“Meu pai lia um livro pra mim quando eu era criança sobre um suíço [Aimé Tschifelly], que viajou a cavalo de Buenos Aires até Nova Iorque, em 1925. Esse ano tá celebrando 100 anos da viagem deles e se tornou o sonho da minha vida. A gente sempre foi apaixonado por cavalo, meu pai sempre gostou muito, então passou essa paixão pra mim desde cedo”.
Felipe Masetti Leite, o ‘Cavaleiro das Américas’, em sua saga do Canadá à Festa do Peão de Barretos entre 2012 e 2014
Arquivo pessoal
Para ele, toda a sua história só foi possível pelo apoio que teve da família, que apesar do medo, o incentivou e vibrou em cada conquista.
“Eu não tinha nada, não tinha cavalos, não tinha dinheiro, não tinha uma ferradura para fazer esse sonho acontecer. Em muitos momentos, eu me questionei. As pessoas me chamavam de louco, falavam que não ia dar certo, que eu ia morrer. Então acho que nesses momentos que o Felipe lá atrás estava meio desmotivado, achava que não ia dar certo, eu falaria pra ele: ‘mete bala que vai mudar sua vida, vai ser a melhor decisão que você já tomou.’”
Ao olhar para trás, Filipe diz que apesar da incerteza de quando começou essa aventura aos 25 anos, não faria nada diferente. Foram diversos julgamentos e pessoas desacreditando do seu sonho, mas hoje ele tem muito orgulho da sua trajetória.
Felipe Masetti Leite, o ‘Cavaleiro das Américas’, viajou 16 mil quilômetros do Canadá a Barretos
Arquivo pessoal
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