
Ex-rodoviários das antigas empresas de transporte coletivo Princesinha e 18 de Setembro, em Feira de Santana, realizaram um protesto neste sábado (16), denunciando a morosidade da Justiça do Trabalho em relação a um processo que já se arrasta há uma década sem solução.

O grupo se concentrou em frente à Apae, na Avenida Olímpio Vital, e seguiu em passeata até a Praça de Alimentação, onde cantou parabéns pelos 10 anos de impasse judicial. Para marcar o ato, os manifestantes levaram um bolo temático, simbolizando a espera que parece não ter fim.

Entre os participantes, estava Andréa Teixeira de Jesus, viúva de Jorge Santos Nascimento, que trabalhou por quase seis anos como eletricista da empresa Princesinha.

“Na época em que a empresa saiu de Feira de Santana, Jorge ainda era vivo. Ele recebeu apenas o saldo de FGTS que estava depositado e nada mais. Nós passamos muita dificuldade, com uma filha pequena para sustentar. Hoje minha filha tem 14 anos, Jorge faleceu há um ano e quatro meses e até agora não tivemos nenhuma resposta desse dinheiro”, desabafou Andréa.

Ela relatou ainda o medo do marido em questionar o sindicato enquanto trabalhava em outra empresa do setor.

“Ele tinha receio de sofrer represálias e ser demitido, porque precisava sustentar a família. Quando ficou desempregado, procurou saber informações, mas nunca teve retorno. Eu mesma, como viúva, fui atrás, peguei a carta de sentença, mas ninguém me dá uma resposta concreta até hoje”.

Outro manifestante, Renato Bispo, que atuava como escalante de tráfego na 18 de Setembro, destacou a importância da mobilização após tantos anos de espera.

“Estamos completando 10 anos desse processo. Muitas pessoas tentam nos desencorajar, dizem que não adianta lutar, mas a gente não pode mais ficar sentado. Se ninguém ajuda, temos que fazer nosso movimento”, afirmou.

Segundo ele, cerca de 1.200 trabalhadores foram afetados pelo fechamento das empresas e seguem sem receber as indenizações.

“Nossa reivindicação é simples: queremos apenas aquilo que é nosso por direito, o que foi trabalhado. Muitos colegas já faleceram sem ver esse dinheiro. Ele não resolve tudo, mas ajudaria muito as famílias que estão em dificuldade”, ressaltou.
Renato também criticou a falta de responsabilização após tantos anos de processo.
“Os sócios não foram encontrados, mas sabemos que há corresponsáveis. A prefeitura, por exemplo, tem responsabilidade, porque nós trabalhávamos diretamente em um serviço de interesse público. Se não tem sócio, alguém precisa responder. O que não pode é a gente passar necessidade sabendo que existe quem deva responder por isso”.
Sobre apoio político, ele afirmou que apenas o vereador Jorge Oliveira se aproximou da categoria.
“Já tentamos conversar com o prefeito, ele até foi solícito, mas disse que não podia fazer nada sem decisão judicial. O que esperamos agora é que a comunidade tome ciência do que está acontecendo e que a Justiça finalmente dê uma resposta. Não temos condições de esperar mais 10 anos”.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade
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