Fotônica, inovação e desenvolvimento o ES no mapa científico nacional

Fotônica inovação e desenvolvimento o ES no mapa científico nacional
Foto: Agência Brasil

*Artigo escrito por Guilherme Henrique Pereira, professor da Ufes, diretor executivo do Instituto Arandu; participa do Comitê Gestor do IN-Foton; e Marcelo Vieira Segatto, professor da Ufes, coordenador do IN-Foton

O Brasil concluiu seu processo de industrialização no velho paradigma por volta do fim do século XX. Nessa época, os países que se industrializaram décadas antes já iniciavam uma nova dinâmica de desenvolvimento, baseada em outro padrão de tecnologia, que cumpriu o prometido: revolucionar o mundo da produção e das relações sociais.

A inovação passou a ser protagonista de primeira grandeza na determinação dos investimentos e, portanto, da taxa de crescimento da renda e do emprego. Os países que já faziam investimentos significativos na produção de conhecimento avançaram rapidamente na nova onda do desenvolvimento.

Lamentavelmente, não era o caso brasileiro. Sua produção científica e tecnológica deu apenas os primeiros passos com a instalação das universidades a partir de meados do século passado.

Da mesma forma, as políticas governamentais e suas organizações operadoras — decisivas neste campo em todo o mundo — começaram a se estruturar apenas em 1951, com a criação do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). Em 1967, surgiu a Finep (Financiadora de Estudos e Projetos).

No entanto, foi apenas a partir da Nova República que o Brasil passou a contar com um ministério dedicado ao tema, ampliando as fontes de financiamento. A partir daí, o sistema passou a ter recursos reais para enfrentar o enorme desafio imposto pelo grande atraso.

Os cinquenta anos anteriores, embora de progresso lento, criaram as bases para um salto no século XXI — sem esquecer que ainda precisamos avançar com mais velocidade. Vários programas de desenvolvimento científico e tecnológico foram criados, e os resultados, em termos de crescimento da produção científica e tecnológica, começaram a aparecer.

No Espírito Santo, somente a partir de 2005, o tema entrou na pauta local, com a instalação da Secretaria de Estado da Ciência e Tecnologia e da Fundação de Apoio à Ciência e Tecnologia, que passaram a promover tais investimentos.

A produção científica e tecnológica em números estatisticamente relevantes também só surgiu neste século, com o crescimento da pós-graduação no Estado.

No plano nacional, entre os vários programas lançados, destaca-se a implantação do INCT (Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia), voltado para promover uma rede de grupos de pesquisa que atingiram um grau relevante de maturidade em suas produções.

Criado em 2004, o programa contava, ao final de 2024, com 202 unidades — e espera-se crescimento em 2025, com a inclusão de novos institutos contemplados no último edital, cujo julgamento foi concluído em junho.

Uma dessas unidades será no Espírito Santo: a primeira capixaba em 17 anos de existência do programa.

No Brasil, já são cerca de 7 mil cientistas participantes do INCT, atuando nas mais variadas temáticas. As pesquisas desenvolvidas pelos institutos colocaram o país no centro do debate científico mundial sobre produção de alimentos, economia de baixo carbono e desenvolvimento sustentável.

É nesse contexto que o grupo de pesquisa em Fotônica, pelo seu grau de excelência, conseguiu se destacar.

O INCT, núcleo coordenador de uma rede nacional, adotará a sigla IN-Foton e terá como diretriz a promoção da inovação nessa indústria estratégica para o Brasil, já que a maior parte do mercado nacional é abastecida por importações.

Essa conquista só foi possível graças a anos de trabalho de um grupo de pesquisadores, ao apoio institucional e financeiro do governo estadual — principalmente via Fapes —, à Mobilização Capixaba para Inovação e à Ufes.

Guilherme Henrique Pereira e Marcelo Vieira Segatto são professores da Ufes. Foto: Acervos pessoais
Adicionar aos favoritos o Link permanente.