A importância do Plebiscito Popular 2025: unidade e esperança em tempos de crise

O Brasil e o mundo vivem um período sombrio, marcado por crises econômicas, políticas e institucionais. Desde 2016, a correlação de forças tem sido desfavorável para a classe trabalhadora brasileira, com a intensificação das políticas neoliberais e o avanço de projetos autoritários. A extrema direita, que venceu as eleições de 2018 com Jair Bolsonaro e se manteve forte mesmo após a vitória de Lula em 2022, consolidou uma base social enraizada, inclusive na classe trabalhadora, alimentando-se do medo, do ressentimento e de uma narrativa antissistema.

Esse ressentimento, manipulado de forma cruel e calculada, transforma os avanços  nos direitos das mulheres, negros/as, população LGBTQIA+ e trabalhadores/as em geral em supostas causas da crise econômica e moral. A crise do capital, que tem origem nas desigualdades estruturais e no desmonte das políticas públicas, é usada como pretexto para apresentar soluções autoritárias, com um discurso de retorno a um passado idílico que nunca existiu de fato.

Ao mesmo tempo, a crise das instituições brasileiras aprofundou-se. Instrumentos criados a partir da luta democrática e consolidados com a Constituição de 1988, como os partidos políticos, o funcionamento dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, o próprio sistema eleitoral (exemplo de agilidade em todo mundo), vêm sendo sistematicamente atacados.

Paradoxalmente, setores da esquerda passaram a ser defensores do sistema democrático e constitucional justamente para garantir a mínima estabilidade institucional. Enquanto isso, a extrema direita se coloca como “antissistema”, explorando as frustrações populares com um projeto que, no fundo, mantém e aprofunda o neoliberalismo.

O governo Lula, embora importante para conter os retrocessos mais brutais, é um governo de contenção, não de avanços estruturais. O Congresso, com sua composição reacionária, esvaziou o poder executivo com medidas como o orçamento secreto. A tentativa de golpe em 2023 mostrou que frações da burguesia ainda flertam com a ruptura institucional, e parte desse setor pode, inclusive, migrar para nomes como Tarcísio de Freitas nas próximas eleições.

É nesse contexto que o Plebiscito Popular 2025 ganha enorme relevância.

Mais do que uma simples consulta, o plebiscito cumpre, dentre outras, duas tarefas políticas essenciais: criar um espaço amplo de unidade e ação entre os movimentos populares e setores progressistas, e mobilizar o povo para disputar corações, mentes e territórios com a extrema direita. Em um momento em que a desesperança e o medo são usados como armas políticas, o plebiscito se apresenta como uma pauta positiva, capaz de reconectar os movimentos com o povo a partir de demandas concretas.

No dia 27 de maio, ocorreu a primeira reunião preparatória do Plebiscito Popular 2025 na Paraíba – Reprodução/@plebiscitopopularpb

A construção do plebiscito não ignora as divergências naturais entre as organizações da esquerda e dos movimentos sociais. Pelo contrário: reconhece que a unidade na luta se dá justamente na ação prática e na definição de pautas comuns, mesmo em meio a diferentes estratégias e concepções políticas. Abrir mão de algumas disputas internas neste momento pontual não significa abrir mão dos princípios históricos de cada organização. Significa, sim, caminhar juntos com um objetivo comum, construindo unidade tática e política em torno de um eixo que dialogue diretamente com a vida da classe trabalhadora.

O plebiscito vai tocar em temas como a redução da jornada de trabalho sem redução de salário, o fim da escala 6×1 e a justiça tributária, com a isenção de imposto de renda para quem ganha até 5 mil reais e a taxação dos super-ricos. São temas que, quando debatidos nas bases, fazem a extrema direita recuar e entrar na defensiva. O exemplo da escala 6×1 já mostrou que, quando a pauta é concreta e ligada à realidade do povo, a narrativa de ódio perde força.

É preciso ir aos bairros, às escolas, aos bares, aos locais de trabalho, aos assentamentos e às periferias urbanas. É um processo de politização da classe trabalhadora, de disputa cultural, de reconquista da esperança popular.

Outro desafio é garantir que o plebiscito atinja todas as camadas sociais. Não basta circular apenas entre os já convencidos. É preciso ir aos bairros, às escolas, aos bares, aos locais de trabalho, aos assentamentos e às periferias urbanas. É um processo de politização da classe trabalhadora, de disputa cultural, de reconquista da esperança popular.

O ano de 2025 será fundamental para construir as condições políticas necessárias para derrotar a extrema direita em 2026. O plebiscito popular, ao propor uma unidade prática, ao abrir espaço para a ação coletiva e ao dialogar diretamente com as necessidades reais da população, é uma ferramenta estratégica na defesa da democracia, na reconstrução da esperança e na luta por um Brasil mais justo, solidário e igualitário.

*Joel Martins Cavalcante é integrante da coordenação estadual do Plebiscito Popular 2025 na Paraíba. É professor de história da rede estadual de ensino da Paraíba e militante dos direitos humanos e do Movimento Brasil Popular.

**Este é um artigo de opinião e não necessariamente representa a linha editorial do Brasil de Fato.

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