O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, criticou, na última segunda-feira (28), o acordo comercial entre os Estados Unidos e a União Europeia (UE). De acordo com ele, a Europa está ameaçada pelo aumento dos preços da energia e pela saída de investimentos para a indústria e a agricultura.
O chanceler russo alertou que o custo do fornecimento de energia dos EUA será significativamente maior do que o dos recursos russos, gerando consequências graves para a produção europeia.
“É evidente que tal abordagem levará a uma maior desindustrialização da Europa e à saída de investimentos da Europa para os Estados Unidos. Isso será um golpe muito forte, em primeiro lugar, para os preços da energia e para a saída de investimentos, para a indústria e a agricultura europeias”, afirmou Lavrov.
Anteriormente, os EUA e a UE anunciaram um acordo comercial para diminuir de 30% para 15% as tarifas da maioria das exportações europeias para os EUA. Além disso, os europeus concordaram em comprar recursos energéticos dos americanos por US$ 750 bilhões e investir outros US$ 600 bilhões em sua economia.
De acordo com a declaração de Donald Trump, Bruxelas também comprará uma “quantidade massiva” de equipamentos militares de Washington. Ao mesmo tempo, a Europa abrirá seus mercados às exportações americanas com alíquota zero.
Ao comentar as declarações dos líderes de vários países europeus sobre a necessidade de um cessar-fogo imediato na Ucrânia, Lavrov observou que, dessa forma, a Europa quer ganhar tempo para incrementar o envio de armas à Ucrânia.
“Essas pessoas agora nos pedem, exigem que cessemos fogo imediatamente e deixemos tudo como está, para que possam novamente obter um alívio para seus clientes em Kiev e continuar a fortalecê-los”, disse Lavrov.
Quem também se manifestou sobre o novo arranjo comercial entre UE e EUA foi o ex-presidente e atual vice-chefe do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitry Medvedev. Segundo ele, o acordo comercial EUA-UE possui um caráter “antirrusso por natureza” devido à recusa dos europeus em aceitar o fornecimento de combustível russo.
“Devemos admitir que, apesar de sua extrema inconsistência em declarações e ações, ele é muito consistente em uma coisa: Trump está pressionando duramente os interesses econômicos de seu país”, escreveu Medvedev em seu canal do Telegram.
As movimentações dos EUA acontecem em meio à recente declaração de Donald Trump de que poderia reduzir o prazo para aplicação de “tarifas secundárias” de 100% à Rússia e seus parceiros comerciais, caso não houvesse avanço nas tratativas de paz com a Ucrânia em 50 dias. Nesta terça-feira (29), o presidente estadunidense decretou o início do prazo de 10 dias .
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